Pretendo, despretensiosamente, divulgar aqui ideias, pensamentos, acontecimentos, imagens, músicas, vídeos e tudo aquilo que considere interessante, sem ferir susceptibilidades.

Falando de tudo e de nada... correndo o risco de falar demais para nada!


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Hoje tive um sonho...

Sonhei que estava nu, descalço e num quarto desconhecido. Ao dar-me conta da minha nudez tive um arrepio que me percorreu de alto a baixo e por todo o corpo.
Olhei à minha volta à procura da roupa. Estava amontoada numa cadeira ao fundo da cama. Não me recordava de nada, mas também não perdera totalmente a lucidez. A roupa assim amarfanhada era mesmo obra minha. A Amélia diria logo que sim, pois conhecia muito bem o meu modus operandi. A roupa nesse estado demonstrava que fora mesmo eu despir-me e a “arrumá-la” naquele quarto. Mas porque razão não me lembrava? Onde estava? Que quarto era aquele?
E, de súbito, fez-se luz. Aproximei-me da roupa e procurei a carteira. Primeiro num bolso. Depois noutro. Encontrei-a. Abri-a com voracidade. As notas sorriram para mim. Não tinha sido roubado, menos mal. O famoso árbitro não tinha passado por ali, concluí.
Sentei-me na cama. O quarto rodopiou um pouco. A bebida ingerida em excesso na noite anterior continuava comigo, não me tinha deixado. Afinal não sonhei? Estava bêbado? Resolvi esperar sentado na cama daquele quarto desconhecido. Não sabia o que fazer. E o silêncio "ensurdecedor" daquele lugar! Nem a crepitação normal da mobília já antiga, nem sobrados a ranger, nem passos no andar de cima (mas, haveria andar de cima?). Só a cama reclamou quando me sentei nela. Repentinamente, ouço um pingo, límpido, ruidoso, que caiu da torneira para o fundo do bidé.
Que horas seriam?
Mantive-me sentado na beira cama. Perdi a noção do tempo em que estive assim, estático, com os olhos fixos ao papel de parede, que era horrível. Figuras disformes, parecendo diabos a fixarem-me nos olhos com ar ameaçador. Senti-me no inferno. De repente transformaram-se em anjinhos e vieram salvar-me levando-me de volta para o paraíso. Olhei para o céu enquanto pensava, mas… o meu olhar chocou na sujidade húmida do tecto. Na imundície do tecto  conseguia vislumbrar figuras e imagens que me lembravam aqueles velhinhos que nos jardins atiram milho e pedacinhos de pão aos pombos, que debicavam aos saltinhos mas com olhares desconfiados. 
Ao sentir-me um desses velhos senti uma repugnância enorme. Não por eles, mas pela sua condição. Eu sou (ou sinto-me) novo demais para ficar ali naquele estado de abandono. 
Ali... Mas afinal onde era "ali"? E quem morava, ou dormia... "ali"?
Levantei-me. À medida que caminhava, sentia as picadas do lixo da alcafifa na planta dos pés.
Aproximei-me do guarda-fatos e abri-o. O que encontrei era de uma insignificância que me deixou desolado. Roupas de cama, cobertores, almofadas e travesseiros. Sem me dar conta, comecei a ordená-los, do maior para o mais pequeno, por classes. Primeiro as roupas de cama, depois os cobertores e, por fim, almofadas e travesseiros. No fundo do guarda-fatos encontrei uma moeda de 200 escudos (com a cara de Garcia de Orta), um lenço de papel amachucado e uma chiclete de mentol. Comecei a abrir as gavetas da mesinha de cabeceira. Na do fundo, nada… tudo vazio! Na primeira e mais pequena de todas finalmente encontrei tudo aquilo que aí teria colocado no dia anterior: o Jornal “a bola”, uma caixa de chicletes e um bilhete de um jogo de futebol. Sim, do último  Benfica-Porto a  que tinha assistido. Nas costas, e com a minha própria letra podia ler-se um comentário: "perdemos... hoje não foi possível fazer mais... com Pedro Proença a validar o golo do Maicon completamente fora de jogo…". 

De repente, entra no quarto árbitro da maldição a gritar: “Rua! Fora, já! Este quarto é meu! Não admito que me insultes… eu até sou do Benfica, heterossexual e de esquerda, porra!"

E... acordei!

Sem comentários:

Enviar um comentário