Pretendo, despretensiosamente, divulgar aqui ideias, pensamentos, acontecimentos, imagens, músicas, vídeos e tudo aquilo que considere interessante, sem ferir susceptibilidades.

Falando de tudo e de nada... correndo o risco de falar demais para nada!


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Redundâncias linguísticas

Há dias a minha filha comentou um texto que aqui deixei, mais ou menos desta forma: «não gosto da forma como repetes vários termos e palavras para dizer mais ou menos a mesma coisa». “Acabas por ser redundante na tua escrita sem necessidade nenhuma”. Eu respondi-lhe: “eu também não”

Acho mesmo que revelo na forma de escrever um enrolamento de raciocínio e um rebuscamento de forma, que nunca me satisfazem e são provavelmente contrários às regras literárias em vigor. Mas já desisti de lutar por uma simplicidade, que me seduz por um lado, mas só me atrapalharia a escrita e me retiraria o prazer. É que o meu prazer na escrita não é, realmente, a busca ou a cultura de uma estética literária. 

Prefiro, isso sim, tentar comunicar de forma clara e entendível; expor uma ideia ou transmitir um desabafo, mas sem muita disponibilidade para trabalhar as subtilezas da complexa língua portuguesa. Mesmo que, por vezes, caia facilmente em formas de redundância linguística que me permitem transmitir maior expressividade e ressonância rítmica à frase e sobretudo aquilo que quero transmitir. 
Ou seja, consigo o que quero mas não da forma técnica mais correcta e, muito menos, com a competência literária que a minha filha gostaria que eu tivesse.

Como gostaria de ter sido eu a escrever "Vi, claramente visto, o lume vivo"!!! 
Mas foi o génio de Camões, no Canto V dos Lusíadas e... não é linda esta forma redundante de dizer? 

domingo, 28 de outubro de 2012

Porto

Devia ser obrigatório pararmos de vez em quando e admirarmos a magnífica vista que o Porto nos oferece. 

De dia, ora nos convida a olhar o rio com aquelas casas típicas e coloridas debruçadas sobre as suas margens, "espreitando" para os barcos rabelos que parecem querer imitar; ora nos leva a ver o mar que se perde em areias cor de prata e se desfaz nas rochas cheias de lapas.

À noite, convida-nos a ver aquela escuridão imensa varrida por pequenas e brilhantes luzes que fazem desta uma das mais lindas paisagens do Mundo.
É impressionante como aqui as luzes parecem brilhar mais do que em outra parte qualquer!
Devemos olhar com olhos de ver e analisar o que se vai vendo, sentindo e acontecendo ... dizem que a magia aparece entre o apagar do sol e o acender das luzes ...

Estranhamente, as luzes do Porto sempre me fizeram sentir simultâneamente mais só e mais acompanhado...na realidade identifico-me com alguns destes pequenos pontos brilhantes, pois recusam-se a aceitar a escuridão. Por outro lado, alguns estão tão juntos e brilham tanto que me fazem sentir deslocado e desinserido do contexto, tendo em conta a negra e pardacenta conjuntura (política, social e económica) actual ...

Com o vídeo que vos deixo procuro mostrar um pouco do meu sentir e das minhas emoções em relação a esta antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto. 

Apreciem também a música de Rui Veloso! Vejam melhor em ecrã inteiro (full screen).



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Caminhos ... (II)

No post anterior referi que nem sempre foi fácil, para mim, andar no caminho certo e atingi-lo na hora adequada. 
Só que, agora e aqui no meu canto, sinto-me numa encruzilhada e, embora saiba que o sentido do Norte que procuro só a mim me cabe, as minhas dúvidas fazem-me sentir como um tolo no meio da ponte, sem saber se há-de ir para um ou para o outro lado. Não se trata apenas de saber para que lado ir, porque (apesar de estar no meio da encruzilhada) o caminho apenas tem um sentido, trata-se de saber, isso sim, quando e como.
Nestas horas de questionamentos sei, no fundo, que encontrarei o meu caminho e a forma como segui-lo.

Porque retrata, na perfeição, o meu estado de alma, fico-me pela letra desta canção que serviu de senha para o desencadear das acções militares que deram início à revolução de 25 de Abril de 1974. 

E Depois do Adeus
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
Paulo de Carvalho: E depois do Adeus
Letra: José Niza
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Caminhos ... (I)

É extremamente difícil andar sempre no rumo (caminho) certo e, simultaneamente, atingi-lo na hora adequada. Na minha vida nem sempre a bússola me mostrou o “norte” no momento em que mais precisava dele. O meu dia nem sempre foi dia, como a minha noite nem sempre foi a noite que eu queria.
É verdade que nem todos os caminhos me servem e nem sempre a razão e a emoção me levam no mesmo sentido. 
Com as lições de vida que fui tendo aprendi que, de facto, o mais importante é saber escolher entre a razão e a emoção em cada momento.

O vídeo que vos deixo foi feito com muita emoção! As fotografias e a música demonstram a razão ...  :-)

 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (V)

Regresso a casa
Como o Benfica jogava nessa noite, o respeito e a consideração que nutrimos pelo Bernardino recomendaram um regresso a casa a horas decentes, pelo que tivemos de declinar o amável convite do Mota para uma prova de degustação de iguarias líquidas na sua casa de Caminha. Mas aproveitamos já para registar devidamente o convite, prometendo fazer reserva para a primeira oportunidade.
O Bernardino fartou-se de nos anunciar o seu prognóstico: uma vitória do Benfica por 3-1 sobre o Barcelona. Vá lá, acertou na diferença de golos, o que já não é mau de todo. Tinha é o olhar vesgo e a visão invertida, mas isso é normal e merece a nossa compreensão. Podia era aproveitar a veia adivinhatória para ver se acertava também no Euro-milhões. Esse acerto é que nos dava uma grande alegria.
Quando cheguei a casa a Maria anunciou-me que tida ido dar uma voltinha com o carro e que depois de estacionar os vizinhos repararam que tinha um pneu furado. Lá foi o Alex tentar resolver o problema – estas coisas sobram sempre para os homens. Afinal tratava-se de um rebentamento resultante de um encosto a uma pedra pontiaguda. A brincadeira ficou por 80 euros, para além do tempo perdido e da trabalheira que tive para resolver o caso. Por metade do preço eu dei um agradável passeio com os amigos e fiz uma bela refeição de marisco. Por isso pus-me a refletir e conclui que a Maria me fica desde já a dever outro passeio, para ficarmos com as contas saldadas.
Conclusão: mais vale uma mariscada no Grove que um furo em Valadares; fica muito mais barato um passeio a Espanha para uma boa tainada na companhia de amigos que uma voltinha de 10 km à praia para matar o tédio.
Razão tinha Grouxo Marx quando dizia que mais vale ser rico e saudável que pobre e doente.
 Até à próxima. 

Nota: como este texto foi escrito no computador, para não estar sempre a lutar contra o corretor automático decidi passar a usar as regras do novo acordo ortográfico. Alexandre Ribeiro

E agora o vídeo da viagem!

domingo, 21 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (IV)

O Toni de Pontevedra
Iniciamos o percurso inverso, até Pontevedra, que se viria a revelar um dos pontos altos da jornada.
Pontevedra é uma cidade lindíssima, com moldura humana e movimento quanto baste. Logo à entrada deparamos com a imponente Deputation Municipal e com as ruinas do que terá sido um belo templo da alta idade média: a capela de S. Domingos. Toda a cidade é um conjunto arquitetónico equilibradíssimo, com monumentos seculares rodeados por edifícios do século XX, que não só não destoam como fazem um perfeito enquadramento e permitem à cidade ter uma vida própria, inserida no mundo atual. O equilíbrio é, assim, a nota dominante: equilíbrio entre o antigo e o moderno, entre a tradição e a modernidade. Nada de caos urbanístico, nada de pessoas a acotovelarem-se, mas também nada de ruas desertas, pelo contrário. Deve ser uma cidade muito agradável para viver, ainda por cima podendo contar com estabelecimentos de restauração de muito bom nível.
 É bem verdade que onde quer que vamos “há sempre um Toni que espera por si” e que o ajuda nas suas necessidades (literalmente).
Façamos um preâmbulo: lembro-me que quando era jovem ouvia os “oficiais” trolhas dizerem para os moços:
            - Que dia é hoje, rapaz?
            - São tantos de tal.
            - Então aponta aí que eu vou c . . ar.
Desta vez foi o Bernardino. Colhendo a lição do Alexandre (na altura da viagem ao Nordeste – a quem não leu, recomenda-se a leitura dessa memorável crónica), manteve-se caladinho e contido, sem qualquer sinal ou alarme. Mas ao passar no Club del Café, discretamente entrou, para regressar minutos depois, todo sorridente e aliviado. Seriam cerca das 16 horas. Para a posteridade fica o registo do dia, hora e local. Para o registo ficar completo só faltou mesmo ter-se pesado antes e depois.
Na visita pelas ruas mais centrais e convidativas da cidade acabamos por desembocar numa ampla e movimentada praça, pejada de pombos, inquestionáveis reis do local (estão-se literalmente cagando para tudo) e uma incontornável atração turística.
Logo no primeiro banquinho, dos vários que havia no local, um elemento do grupo refastelou-se, meio sonolento, a apreciar os pombos e a mirar os transeuntes pelo canto dos olhos semicerrados. Quem seria? Leia-se a crónica anterior e a partir daí será fácil adivinhar. O que ninguém esperava é que uma espanhola entradota (uma rapariga mais ou menos da nossa idade) se fosse sentar no mesmo banco, a uma prudente mas convidativa distância, pouco superior a 20 cms. Sorria, mas permanecia calada, em total sintonia com o nosso colega. Foi então que outro elemento do grupo (quem quiser que se ponha a adivinhar, que eu não sou de intrigas nem revelo este tipo de segredos), mais expedito, resolveu saudá-la e iniciar a chamada conversa de chacha. Só que a espanhola deu trela, tendo por isso direito a cerimonioso cumprimento, à despedida. Ainda pensei que ia haver beija-mão, mas não se chegou a tanto. Não vale a pena fazer conjeturas, pois o caso morreu por ali e, honestamente, não era merecedor de mais. Puro e simples cavalheirismo e curiosidade natural de um turista que, amavelmente, gosta de interagir com os autóctones. Mas ao cronista cumpre-lhe registar tudo com rigor e isenção.
(continua...)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (III)

O Grove
No destino esperava-nos uma marisqueira, que pudemos selecionar entre dezenas à escolha. Estavam todas quase às moscas. Não foi por isso difícil selecionar uma cujos preços na lista nos pareceram convidativos. A escolha da ementa recaiu numa mariscada e numa parrilhada de marisco, depois das tapas da praxe. Refeição agradável, acompanhada de um vinho interessante e num ambiente de descontração, que nem o tema do momento – a crise – conseguiu contaminar ou sequer sombrear.
No final do repasto demos uma volta a pé, junto às docas, para ajudar a fazer a digestão, antes de iniciarmos a viagem de regresso.
Impunha-se dar uma voltinha pela Toxa, o que fizemos sem sair do carro. O tema da conversa foi a viagem do papa à região, onde, como de costume, terá comido marisco do bom. Descodificando para os menos versados nesta linguagem metafórica e encriptada: falamos do Pinto da Costa, que não se contenta com fruta vulgar ao pequeno almoço. Isso é só para árbitros do 2.º escalão.

(continua...)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (II)

Vila Nova de Cerveira
A primeira paragem técnica a sério foi em Vila Nova de Cerveira. Recapitulando, para os que ainda não sabem a lição: paragem para desenferrujar as pernas, apreciar a paisagem, tirar umas fotos e…  verter águas.
Ponto alto nesta paragem foi o registo - único – de uma foto do grupo completo, junto a uma carrinha de valores da Prosegur. Mas como não conseguimos arrancar da viatura um simples cêntimo, fomos dali registar o boletim do euro-milhões, a ver se tínhamos mais sorte, acalentando a esperança de podermos fazer a próxima viagem de helicóptero. Essa parte já está mais que decidida.
Aqui em Cerveira também encontramos uma frincha. Aliás, uma bela frincha a sério, embora numa singela mas sugestiva escultura. Claro que não podiam faltar as fotos.
Por falar em frincha, o Jorge disse que esta terra lhe traz boas recordações, pois foi aqui que iniciou o namoro com a Manela. O casamento resultou em pleno, pelo que a conclusão óbvia a retirar é que não há nada que chegue a uma boa…  escolha, claro. Em que é que estavam a pensar?
Depois do descanso, com toda a calma e tranquilidade - ou não tivéssemos o dia todo sem as caras-metades a chatear - seguimos viagem para o Grove, o nosso destino.
Como vai sendo costume o Rogério trocou-nos as voltas: já em Espanha tirou-nos da autoestrada e levou-nos por uns quelhos (uma estrada secundária) até Pontevedra. Mas valeu a pena, pois por estas estradas fica-se a conhecer melhor uma região que seguindo o percurso completo pela autopista (não esqueçamos que estamos em Espanha), onde as paisagens são mais uniformes, mais áridas e monótonas.
Atravessando Pontevedra seguimos para Sanxenxo pela marginal. No caminho só paramos no Mirador da Granxa que, por ser demasiado urbano e mesmo em cima de uma estrada movimentada, não reunia requisitos para o cumprimento de todas as funções técnicas (em linguagem direta e sem rodeios: não servia para mijadouro). Valeu para desenferrujar as pernas, tirar umas fotos e apreciar a paisagem.
Passamos, sem parar, na marginal de SanXenxo. Depois só paramos no destino – o Grove.
(continua...)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (I)

Nota prévia: O nosso brilhante cronista e autor do livro "Economia em contramão", Alexandre Ribeiro, resume aqui em 5 posts mais uma das viagens deste grupo de amigos.  
A forma exímia como classifica, examina, reconhece, analisa tacticamente e descreve todos os pormenores e aspectos engraçados das viagens fazem do Alexandre um mix de "Pedroto" (pela análise táctica), de "Artur Jorge" (pela análise sintática) e de Meirim (pela injecção de moral), do nosso grupo/equipa :-)
De facto, ele conseguiu, com toques de humor, escrever este óptimo texto que é tão grande (em qualidade) para uma tão pequena viagem! 
Pequena a viagem mas grande a alegria. Valeu o companheirismo, a amizade, o ir-e-vir e, sobretudo, o aproveitar cada dia das nossas vidas, pois, como diz o meu "amigo" Fernando Pessoa: "O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela".
Obrigado Alex!

2 de Outubro de 2012
Não sendo esta aventura um exemplar único, já podemos dizer que estamos em presença de uma coleção. Mas como qualquer bom colecionador, queremos sempre mais e melhores exemplares para o nosso portefólio. Por isso esta será, com certeza, mais uma de muitas aventuras que se seguirão.
Depois da viagem ao Nordeste a fasquia ficou muito elevada: a comida tem de ser ao nível do Escalhão – o que não é fácil; a paisagem tem de ser ao nível do Douro – o que será muito complicado; a crónica tem de ser ao nível da viagem ao Nordeste – aí pode haver a mesma qualidade literária, mas não mais terá a frescura e a novidade da primeira crónica. Mas há uma coisa que manteve o mesmo nível ou até melhorou, se tal é possível: a amizade e a boa disposição no seio do grupo.
Por isso a viagem à Galiza foi um sucesso e elevou ainda mais a fasquia.
Começa a aventura
O dia amanheceu relativamente tarde, pois a viagem era mais curta que ao Nordeste e quase toda por autoestrada.  “Às 8 e 15 em casa do Bernardino”, rezava o programa. Desta vez coube ao Rogério levar o carro, um BMW novo, que não apresentou problemas de leitura dos CD’s. Por isso o passeio começou logo animado com músicas pimba e letras ainda mais. Fomos buscar o Jorge e lá seguimos nas calmas, pois sabíamos que o Mota ainda tinha de ir à peixaria, cumprindo certamente o frete de que alguma pessoa invejosa o incumbiu.
Passamos pela escola EB-2/3 de Valadares, onde o Jorge e o Rogério tiveram oportunidade de, de dentro do carro, saudar os ex-colegas, sortudos, que continuam a trabalhar por não terem sido mandados para o desemprego.
Ao passar numa loja de guloseimas sentimo-nos tentados a comprar “chiclas” para a viagem, mas como não sabíamos bem o que isso era seguimos em frente.
Depois de apanharmos o Mota iniciamos então a viagem, que se viria a revelar calma e tranquila em todo o percurso.
Como era dia de greve na CP tivemos alguma dificuldade na travessia da cidade. Decidimos por isso ir pela ponte do Freixo, o que nos levou a passar em frente ao Dragão, o que foi um bom motivo para mandar umas farpas ao Bernardino. O que vale é que ele tem bom perder.
Cumprimos a primeira paragem constante do plano: um café nas bombas da Galp, na autoestrada para Viana. Depois foi só seguir até Vila Nova de Cerveira.
Como não tivemos muitas peripécias, temos de contar alguns não acontecimentos: no caminho não apanhamos nenhum azelha a perturbar o nosso ritmo. Também não temos histórias do pequeno almoço para contar. Foi pena, mas o percurso não se proporcionava.
(continua...)