Pretendo, despretensiosamente, divulgar aqui ideias, pensamentos, acontecimentos, imagens, músicas, vídeos e tudo aquilo que considere interessante, sem ferir susceptibilidades.

Falando de tudo e de nada... correndo o risco de falar demais para nada!


sábado, 26 de julho de 2014

Resquícios de uma noite mal dormida...

Era para não postar mais nada antes de ir para férias mas... não posso... não consigo deixar de o fazer. E apetecia-me fazê-lo escrevendo todo o texto a negrito e com maiúsculas como que a gritar muito alto.
Tudo começou ontem quando, antes de me ir deitar, tive a triste ideia de ouvir e ver as notícias num canal de televisão. E o que vi e ouvi logo a abrir?
Mais ou menos isto:
“Temos de os matar – não só os militantes do Hamas, mas toda a população de Gaza!" Diz um soldado israelita de 22 anos, no funeral de um camarada seu, um dos 18 soldados israelitas mortos na enésima invasão de Gaza, a um correspondente do Guardian;
"Não temos escolha: se não lutarmos até ao fim, eles matam-nos";
“Muita gente foi morta porque o Hamas usa escudos humanos. Os palestinianos não têm respeito pela vida, nós é que temos”. 
Enquanto ouvia estes relatos (ao som dos mísseis) via, em simultâneo, imagens inimagináveis.
Fiz zapping, parei num outro canal e o que ouvi?
“Não há sobreviventes do voo AH 5017", diz o Presidente francês, François Hollande, que descarta também um eventual ataque.
De seguida, ouço a história de uma detenção no âmbito de um caso com mais de dois anos, e que veio ontem amplamente relatada na imprensa escrita, o Monte Branco, que ficou à espera quer da falência de mais um banco que todos vamos pagar, quer da perda de poder do detido.
E penso: a nossa Justiça está a ficar "corajosa" tendo em conta  que o poder legislativo sempre esteve em mãos amigas de delinquências várias, entre elas a fiscal e a banqueira. Querem exemplos? Deixo apenas dois, para não alongar demasiado o texto: Armando Vara e Dias Loureiro.
Mais para o final, e já num tom mais divertido, ouço: “Espírito Santo detido no aniversário de Jesus”, o que me levou a pensar naquela frase que anda por aí no facebook: “na catequese falaram-me do Espírito Santo. Só não me ensinaram… os negócios!"
Ainda na parte do futebol ouço, mais ou menos :-)isto a propósito da 12ª aquisição do Benfica nesta pré-época, o jogador Bebé, que vem do Manchester City, para satisfação do seu treinador Jorge Jesus: “Jesus vai dar à Luz um Bebé”. Está lindo está!!!
 Voltei ao canal inicial e... continuam as desgraças.  
“Já está! A Guiné Equatorial, uma das ditaduras mais ferozes e um dos estados mais corruptos de todo o mundo, foi aceite pelo consenso dos seus pares na CPLP. A Comunidade de Países de Ladrões dos seus Povos substitui definitivamente a Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Pedro Passos Coelho, que juntou o seu aplauso à aclamação do ditador Teodoro Obiang, justificou-se dizendo que Portugal ficaria isolado caso se opusesse à inclusão na CPLP de um país que nem sequer fala português e onde os direitos humanos são violados todos os dias, por mais que Cavaco Silva divague em sentido contrário”.
E ainda, para terminar em beleza: “A Assembleia da República irá aprovar sexta-feira, apenas com os votos dos partidos que sustentam o Governo, PSD e CDS-PP, a reintrodução dos cortes entre 3,5% e 10% nos salários do sector público acima dos 1.500 euros”.

É claro que tudo isto tira o sono a qualquer mortal. E como nunca mais dormia deu-me para rever mentalmente um pouco da nossa história. E pensei: Caramba! Nós somos o povo da Europa que tem os genes mais antigos, talvez porque todos se abrigaram aqui à beira mar, neste cantinho protegido, sei lá. Afinal fomos nós que demos mundos ao mundo! Mas, e há sempre um mas, nós – portugueses - toda a vida soubemos(?) roubar e traficar, por isso é que agora estamos na miséria, porque os outros tornaram-se mais espertos do que nós e agora já há pouco para roubar. O dinheiro em circulação já não tem reservas que lhe dêem valor. E até se compram títulos na bolsa, sem dinheiro, só para fazer baixar as cotações, e depois sobem por um bocadinho, torna-se a vender e faz-se uma fortuna, sem haver um tostão no meio. E o ciclo continua...

Nota final: 
Como podem comprovar estou mesmo a precisar de férias . 
Por isso não se admirem que o blogue fique sem qualquer actividade durante uns dias. Não sentirão a minha falta. Fiquem bem, pensem em pôr os pés nos pedais ou no passadiço, deixem os cabelos (quem os tiver) na brisa a esvoaçar e façam uns bons mergulhos na água fresca do mar.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O poder das palavras...

Hoje deixo aqui uma pequena história que li algures e 
me impressionou verdadeiramente.
Vão ver porquê.

“Um mendigo sentava-se na calçada sempre num lugar onde passavam muitas pessoas. Ao lado colocava uma placa com os dizeres:
- Vejam como sou feliz!
- Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito importante, tenho uma bela residência, vivo confortavelmente, sou um sucesso, sou saudável e bem-humorado.
Alguns transeuntes olhavam-no intrigados, outros achavam-no doido e outros até davam-lhe dinheiro.
Todos os dias, antes de dormir, ele contava o dinheiro e notava que a cada dia a quantia era maior.
Numa bela manhã, um importante e arrojado executivo, que já o observava há algum tempo, aproximou-se e disse- lhe:
- Você é muito criativo! Será que gostaria de colaborar numa campanha da empresa?
- Vamos lá. Só tenho a ganhar, respondeu o mendigo.
Após um aprimorado banho e com roupas novas, lá foi levado para a empresa.
Daí pra frente sua vida foi uma sequência de sucessos e a certo tempo ele tornou-se um dos sócios maioritários.
Numa entrevista colectiva à imprensa, ele esclareceu de como conseguira sair da sua situação de mendigo para tão alta posição.
Contou ele:
-Bem, houve uma época em que eu costumava sentar-me nas calçadas com uma placa ao lado, que dizia:
- Sou zero à esquerda neste mundo! Ninguém me ajuda! Não tenho onde morar! Sou um homem fracassado e maltratado pela vida! Não consigo um mísero emprego que me renda alguns trocados! Mal consigo sobreviver!
As coisas iam de mal a pior quando, certa noite, achei um livro e nele li um trecho que dizia:
- Tudo que você fala e acha a seu respeito vai-se reforçando. Por pior que esteja a sua vida, diga que tudo vai bem. Por mais que você não goste de sua aparência, afirme-se bonito. Por mais pobre que seja você, diga a si mesmo e aos outros que você é próspero.
Aquilo me tocou profundamente e, como nada tinha a perder, decidi trocar os dizeres da placa para:
- Vejam como sou feliz! Sou um homem próspero, sei que sou bonito, sou muito importante, tenho uma bela residência, vivo confortavelmente, sou um sucesso, sou saudável e bem-humorado.
E a partir desse dia tudo começou a mudar, a vida me trouxe a pessoa certa para tudo que eu precisava, até que cheguei onde estou hoje. Tive apenas que entender o Poder das Palavras. O universo sempre apoiará tudo o que dissermos, escrevermos ou pensarmos a nosso respeito e isso acabará se manifestando em nossa vida como realidade. Enquanto afirmarmos que tudo vai mal, que nossa aparência é horrível, que nossos bens materiais são ínfimos, a tendência é que as coisas fiquem piores ainda, pois o Universo as reforçará. Ele materializa em nossa vida todas as nossas crenças.
Uma repórter ironicamente questionou:
- O senhor está querendo dizer que algumas palavras escritas numa simples placa modificaram a sua vida?
Respondeu o homem, cheio de bom humor:
- Claro que não, minha ingénua amiga! Primeiro eu tive que acreditar nelas! "

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Deixem-me voltar para a... ilha!

Depois de andar um pouco entretido com as minhas conversas com a noite e com o assumir, de forma consciente, os disparates e as asneiras que vou fazendo (e dos quais me vou rindo também) resolvi cair na realidade. Desci à Terra. E com que me deparo? Com os problemas familiares e administrativos do Banco Espírito Santo (BES); com notícias sobre dois doentes que morreram enquanto esperavam por uma intervenção no Hospital Santa Cruz, alegadamente por falta de dispositivos médicos devida a "limitações administrativas", segundo denuncia a Ordem dos Médicos e... desgraças, mais desgraças destas e de outros géneros, nomeadamente as relacionadas com o futebol.
Mas... se me viro para a política ainda é pior! Constato que continuamos a ter um grande entertainer como primeiro-ministro e que, por sua vez, o povo continua a adorar palhaços e acrobatas e a viver hipnotizado pela vaidade difundida pela (e na) televisão que é o palco privilegiado desta geração de políticos neo-liberais, praticamente incultos e destituídos de memória mas bem embrulhados e com gravatas a condizer... o resto, é circo!
Se repararmos bem, desde que se deu a Revolução de Abril, em 1974, que assistimos a esta alternância no poder entre socialistas e sociais-democratas de pacotilha. Mas ... eles, os políticos, para aquilo que realmente interessa ao povo e ao país são todos muito, mas muito fraquinhos. São fortes, isso sim (e de forma comum a todos eles) a nacionalizar os prejuízos, a privatizar tudo o que dá lucro, a favorecer os amigalhaços, a controlar a comunicação social, a subverter o poder judicial, a implementar o excesso de regulação para uns (os fracos e desprotegidos) e uma total impunidade para outros (os fortes e os políticos). Ou seja, são fortes com os fracos e fracos com os fortes. É só repararmos por anda (ou andará) o homem dos robalos (o desaparecido Armando Vara); ou nos administradores e políticos que vão saltitando de administração pública em administração pública depois de terem sido ministros ou secretários de estado; ou o antigo maioral do BPN que continua à solta e ainda um outro que se entretém a construir resorts em Cabo Verde (o também desaparecido Dias Loureiro)...
Mas, lá está, estão aí brevemente à porta novas eleições e o que podemos esperar? De certeza absoluta um "novo movimento" de desenvolvimento exactamente igual ao anterior, gasto, falido, penalizador para quem trabalha e onde se rouba descaradamente em nome de acordos e legislação.

Por tudo isto apetece-me voltar para as minha reflexões nocturnas e introspepções diurnas ou então dizer como dizia o outro que foi resgatado de uma ilha deserta: "deixem-me voltar para a ilha"!!!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Olhando para o lado positivo das coisas...

Quem me conhece sabe que sou muito desprendido e ando frequentemente de cabeça no ar. Sou por natureza um “despassarado” para não utilizar outro(s) adjectivo(s) mais sarcástico(s).
Então quando se trata de lidar com o automóvel é que perco mesmo as estribeiras por completo. Estou a lembrar-me, por exemplo, daquela vez que fomos às compras ao Continente aqui de Vila Nova de Gaia e deixámos o carro num local não muito usual. De regresso, e já com o carrinho cheio de compras, procurámos o Volkswagen no local onde habitualmente o deixávamos e… nada! Procurámos, procurámos numa e noutra fila e o carro... nem vê-lo! Ao fim de, mais ou menos, uma hora convencemo-nos mesmo que tinha sido roubado. Cheio desta convicção fui queixar-me aos seguranças do Continente. Estes, depois de pedirem a matrícula, marca, cor... enfim, todos os dados e características do “desaparecido” lá partiram à sua procura de pé e muito direitinhos naqueles veículos de duas rodas que agora usam para vigiarem o parque de estacionamento. Passado pouco tempo um deles veio ter comigo e perguntou-me se tinha a certeza que estacionara o carro no piso de cima do parque, ao que eu confirmei (e a Amélia também) que: “sim, deixámos o carro cá em cima”! Estava a acabar de dizer isso quando chega o outro segurança e diz: "o seu carro afinal está mais ou menos no local onde diz que o deixou mas... no piso inferior"! PIMMM!!!
Passados dois ou três meses, no mesmo local (parque de estacionamento do Continente) andei mais uma vez à procura do Volkswagen durante cerca de meia hora. Lembrei-me do episódio anterior e já não fui ter com os seguranças. Desta vez resolvi telefonar para a Amélia que de imediato me perguntou: "... e andas à procura do nosso carro? É que desta vez levaste o Opel Astra do Pedro"E eu: Estúpido! Como não me lembrei disso"?

Ontem mesmo. Saí do Pingo Doce, aqui de Valadares, com as compras em dois sacos cheios, um em cada mão, e os Jornais Correio da Manhã e a Bola debaixo de um braço. No meio de várias filas de carros lá estava o Volkswagen. Pouso os sacos no chão, junto à traseira do mesmo e, enquanto tento encontrar as chaves nos vários bolsos das calças, começo a reparar na enormidade de mossas e riscos que desconhecia no carro. Os olhos deslizam até ao pára-choques e... quem recebeu um verdadeiro choque fui eu!
- Porra, onde é que eu perdi parte do pára-choques?
Por outro lado, o carro parecia-me mais limpo do que o costume e pensei para comigo que devo ter dias em que sou mais exigente do que outros. Entretanto, ainda não tinha encontrado a chave do carro, quando uma senhora resolve estacionar um carrinho cheio de compras mesmo ao meu lado:
- Desculpe, o senhor precisa de alguma coisa?
- Não, não, obrigado. Estou só à procura da chave do carro...
- Ah... mas se quiser eu abro-o.
Arregalo-lhe os olhos enquanto ela, armada em “esperta”, saca de um comando e aponta-o para o carro. 
- Quer ver?
A mulher deve ser parva, pensei! Deve achar que... PLIM. E não é que o carro se abriu mesmo?
Não foi de imediato. Foram precisos mais 2 segundos para perceber que aquela mulher não tinha magia. Eu é que sou muito estúpido, distraído, “despassarado”… ou lá o que é!!

O lado positivo disto tudo é que não tenho aqueles riscos todos nem me falta nenhum bocado no pára-choques. Mas que está mesmo a precisar de levar um banho, lá isso está... 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Blowin in The Wind - Bob Dylan

Sempre gostei de Bob Dylan. Pela melodia e, sobretudo, pela letra das suas canções que, normalmente, eram “canções de protesto”. Era um pouco como eu (salvaguardando as devidas distâncias) sempre fui e ainda gosto de ser: Um "protestante" na verdadeira acepção da palavra. Não sou músico nem percebo nada de música e, embora não seja escritor, gosto de “rabiscar” umas coisitas. Quando sinto muito a necessidade de escrever é porque (das duas uma) ou estou muito zangado ou então estou demasiado feliz. Sou de extremos. Mas é neste extremismo que escrevo sobre zangas, sobre coisas boas da vida, sarcasmos, o amor, injustiças, a amizade e "ajustes de contas" com políticos malabaristas e/ou mafiosos. Normalmente escrevo para desabafar e protestar contra alguém ou contra algum facto ou acontecimento que me incomoda. É exactamente por isso que não publico, aqui no blogue nem em sítio nenhum, cerca de 80% daquilo que escrevo. 
Bob Dylan era assim nas suas canções. Era acutilante quando protestava contra o racismo, contra os infiéis, contra o consumismo, contra a finitude, contra os homicidas, contra as expectativas, contra o futuro radioso, e por aí adiante... 

Deixo hoje aqui este belo exemplo que é um dos meus temas preferidos.

sábado, 5 de julho de 2014

Quando a "missão" está (quase) finda...

Estou naquela idade em que já posso dizer tudo aquilo que me apetece.
Mas também sinto que devo dizê-lo com alguma urbanidade para não ferir susceptibilidades, sobretudo daqueles que me são mais próximos e que são realmente importantes para mim.
Por tudo isto vou dizer o que hoje me apetece dizer mas metendo alguma auto censura pelo meio:
 Quando os olhos se fatigam, 
as pernas (já cansadas) tremem, 
as peles se enrugam e crescem,
os cabelos embranquecem e caiem,
o valor do colesterol aumenta,
a próstata dilata, 
“eles” descem,
a urina… já pinga, 
e a "dita" minga, 
deixemo-nos de bazófias 
que a missão está finda… 

Ou... para lá caminha!!!    eh eh eh eh eh eh 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Grupo 5.com(e) em Guimarães (III)

Não se percebe de onde vem o “dan”. Será que o proprietário praticou judo? Não são propriamente essas as artes que pratica quem vem a este “santuário”, onde o bacalhau é rei. É que a ementa apresenta nada menos que seis formas de preparar o que em tempos era apelidado de prato dos pobres e hoje é iguaria de ricos.
Com o Mota a salivar, mandamos vir 4 doses de bacalhau à Zé do Pipo, tendo o Bernardino optado por carne, que
considerou excelente. O fiel amigo estava com a salga no ponto e o sabor a despertar cócegas no palato. Só pecava pela dimensão das doses que, de tão generosas, permitiriam poupar uma dose em 4, sem qualquer prejuízo para comensais normais. Mas comeu-se tudo, pois, como diz um amigo meu, é preferível fazer mal do que deixar para o gato.
Nos aperitivos tínhamos prescindido de alheira com grelos, reduzindo a degustação às vulgares azeitonas e presunto. Nos vinhos deu-se preferência ao verde da casa, da Quinta Donegas, com o Jorge a permanecer fiel à água. Com tanta fidelidade ainda vai acabar a trabalhar para uma companhia de seguros. Nas sobremesas a opção maioritária foi para o pudim, que dizem que estava excelente, pois eu optei por uma laranja descascada, para desfazer o sabor do azeite.
A conta não ofereceu surpresas: 24 euros por cabeça, com 4 a pagar a refeição de 5.

Motoqueiros brasileiros
A sala estava muito composta, praticamente cheia. Tudo “cotas” e “cacos”, sem conotações pejorativas. Dentro do contexto, um bom ambiente, com indícios de estarmos perante um universo onde se vê que o dinheiro não é problema do dia-a-dia.
Ao nosso lado “estacionou” um grupo de motoqueiros brasileiros, já entradotes, que chegaram em reluzentes motas BMW’s, alugadas na Hertz. Depois de umas generosas e variadas entradas mandaram vir comida que dava para o dobro dos comensais, apesar de aparentarem ser bons garfos. Quem sabe se não tinham acabado de chegar do Algarve ou de Lisboa, cheios de larica, e ainda sem perceberam que o Norte é particularmente generoso quando toca a encher o prato. E não só. Mas metade da dose terá ficado na travessa, pois poucos heróis haverá capazes de vencer estes persistentes costumes nortenhos. 

Regresso à cidade
Após uma retemperadora sesta nos jardins do restaurante, era altura de regressar á cidade, não sem antes o Alexandre ter ido acariciar (na face) uma risonha estátua postada no jardim, enquanto o resto do grupo se refastelava nos sofás.
A viagem de regresso começou com um imprevisto: o Jorge antecipou-se a entrar na cabine do teleférico, pelo que teve de fazer uma viagem solitária, enquanto os restantes ficaram a resolver o problema do “nosso motorista”, que perdeu o bilhete, vai-se lá saber como. Valeu-lhe a simpatia da portageira, que acreditou na história (verdadeira) que lhe foi vendida pelo Bernardino, com inegável capacidade de persuasão.
O início da viagem foi turbulento, com os primeiros metros a uma velocidade vertiginosa (em termos relativos, comparada com o resto do percurso, tranquilo e em ritmo de passeio para a terceira idade).
Voltamos ao centro da cidade com o Rogério como protagonista de um episódio recambolesco: parado e de costas voltadas a quem vinha em sentido inverso, o Rogério volta-se de repente e, inadvertidamente (só pode, mas quem sou eu para o acusar ou ilibar) lançou o braço em direcção aos peitos desprotegidas de uma donzela que vinha a descer a rua. “Parecia uma mola” confessou mais tarde o Rogério. “Deve ser maluco”, disse a rapariga ao passar por nós, mas sem disfarçar um olhar sorridente, vá-se lá saber porquê.
A conselho do Jorge fomos comprar brisas de Guimarães”, uma especialidade em doçaria, uma forma barata e inteligente de compensar as nossas mulheres do “inconveniente” (muito conveniente) de não terem vindo connosco.
Passamos junto a uma pitoresca ruela (uma de muitas) onde fica o Cantinho dos Cacos, sem vestígios de “cacos” de oitenta e muitos, que abundavam pelas ruas.
No Toural cruzamo-nos com um grupo de vimaranenses, todos homens (parece que Guimarães não tem mulheres, pelo menos na rua e de papo para o ar), todos com aspeto de quem está vestido para ir à missa, idades entre os 60 e 70 anos, em amena cavaqueira, de quem dispõe de todo o tempo do mundo.

Não há coincidências.
Tínhamos de regressar a casa, a tempo de assistir ao Espanha-Chile.
No mesmo dia em que o rei Juan Carlos abdicou do trono, exatamente no mesmo dia a selecção espanhola abdicou do título de campeã mundial. É caso para dizer que um azar nunca vem só. Mau agoiro para a seleção portuguesa, que acabou por se portar à altura do campeão do mundo. Em 2018 há mais.
Valadares, 18 de Junho de 2014
O secretário/cronista
Alexandre Ribeiro

E agora o vídeo!!!... Que resume a viagem e ilustra a crónica superiormente escrita pelo nosso secretário/cronista de serviço  :-) 


terça-feira, 1 de julho de 2014

O Grupo 5.com(e) em Guimarães (II)

Velhos são os cacos
A verdade é que a esta hora e nesta época os estudantes universitários, que
transformaram a noite de Guimarães numa movida a pedir meças aos grandes centros, devem estar ainda na cama, ou já regressaram às suas terras de origem após conclusão do ano escolar. E é a terceira idade, estrangeira, que dá animação à cidade. Pelo ar trata-se de gente oriunda do centro da Europa, com algum poder de compra, com preocupações culturais, procurando conhecer terras novas, em ambiente de descontração. Tratando-se de gente da classe média do centro da Europa, e tendo em conta os preços aqui praticados na hotelaria e restauração, o salário de um único dia de trabalho nos seus países de origem permite-lhes vir passar 2, 3 ou 4 dias a uma cidade como Guimarães. Ah, quem dera aos portugueses da classe média poderem fazer o mesmo em Paris, Londres ou Munique! Por aqui se vê como ainda estamos longe dessa Europa.

O Vitória
Ninguém pergunte a um vimaranense se é adepto do “Guimarães”, pois estará a confrontá-lo com um triplo insulto. Primeiro: o clube da cidade não é o “Guimarães”, é o “Vitória”, nome pronunciado com indisfarçável orgulho; segundo: é evidente que todo o vimaranense é vitoriano, isso nem se discute e aqui não há traidores, como é frequente nas grandes cidades; terceiro: ser vitoriano significa amar o clube com paixão, viver as suas actividades com enorme fervor clubístico a raiar a insanidade, que pode levar a apedrejamentos de camionetas de adeptos de clubes adversários que ousem “fazer mal” ao sei Vitória.
Ninguém duvide que o Vitória é especial. Em nenhuma outra cidade portuguesa há tal simbiose entre o clube e os seus adeptos, tal unanimidade, tal paixão e amor ao clube.

Restauração
Guimarães é uma cidade com uma muito eclética oferta gastronómica. Não havendo propriamente um prato que individualize a cidade e lhe sirva de referência, Guimarães especializou-se em fazer bem os mais conhecidos e apreciados pratos da região, dando-lhe um toque local e praticando uma gama de preços acessível a todas as bolsas.
O Rogério e o Mota vinham filados no bacalhau, num restaurante na Penha. O Jorge ainda levou o grupo ao “Histórico”, no centro histórico da cidade, um restaurante com um espaço exterior muito agradável (onde à noite costuma haver animação variada, inclusive com fados de Coimbra). Apesar da ementa convidativa e de um nível de preços que a carteira agradece, o Mota e o Rogério não embarcaram na cantiga, pois são persistentes nas suas opções e nesta matéria nunca nada os demove. 

A Penha
Não estando propriamente no programa, quando surgiu a ideia de se ir à Penha usando o teleférico houve um coro de aprovações, de onde o Mota destoou, não se sabe bem porquê. Pensamos ir comprar umas fraldas, ideia que se veio a revelar exagerada, pois o Mota acabou por se comportar muito bem.
Compramos bilhete de ida e volta, por 4,5 euros. Mas aqui se revelou que também somos um país que (às vezes) protege a terceira idade. Ser “caco” (alguns anos mais velho que um “cota”), valeu um desconto de 2,2 euros, de que beneficiaram o Mota e o Rogério.
Iniciamos a viagem na cabine 33 (ehehehe), e lá subimos o monte, de onde se desfruta uma paisagem a perder de vista, de uma beleza calma e tranquila.
Chegados ao cimo do monte sentimo-nos orgulhosos. A Penha é uma sala de visitas que nos orgulha de ser portugueses e poder proporcionar a quem nos procura esta paisagem tão diferente, num ambiente onde à beleza encantadora do local se aliam hoje interessantes opções de restauração. A informação aos turistas, lacuna grave em muitos outros locais deste país, está aqui bem colmatada por um folheto completo e elucidativo. E não escapa a possibilidade de visitar o local num trem turístico.
Para além da grandiosidade das rochas, encavalitadas umas em cima das outras por mãos gigantes, multiplicam-se os recantos, criando pequenas grutas naturais. É pena que destes locais inale um cheiro que nada tem de campestre nem floral. Provavelmente trata-se de locais discretos e eficientes para actividades ou prazeres, solitários ou não. Que o diga o Mota, que encontrou os sanitários masculinos encerrados. É pena ver esta nódoa numa sala de visitas tão linda.

(Continua...)