Aqui neste espaço medieval que nos envolve
sinto o teu cheiro, aquele cheiro que me recorda o ano de 1978, mesmo antes de
te ver bem de frente.
Com os raios de sol a baterem nos
telhados das casas de xisto, abrilhantando em simultâneo a tua existência com
essa temperatura aprazível do fim do mês de Maio, a minha imaginação devaneia
pelas lembranças dos nossos primeiros encontros. Consigo reviver cada expressão
do teu olhar e cada sorriso que transmitias nesse tempo e que
despertava em mim sentimentos de pertença e de bem-estar até aí nunca
alcançados. Junto a ti, consegui sentir o “cheiro” da felicidade e a alegria
aqui tão perto de mim. A mágoa afastava-se ao mesmo tempo que me aproximava
de ti naqueles momentos que passámos no Café Galeto, no Snack bar Mira Espanha
e na Praça Deu-la-Deu Martins, em Monção.
Aqui, nestes dias passados à descoberta da
natureza no interior das Serras do Açor e da Lousã, ao mesmo tempo que
percorremos as pedras de xisto das aldeias de Piódão e do Talasnal, o tédio e a
pasmaceira dos dias de chuva e de vento desta Primavera longa e triste de 2014
parecem ir desaparecendo de dentro de mim, pedindo para sair e viajar para
esses dias amenos e já distantes de Novembro de 1978.
Voando assim no espaço e no tempo
lembrei-me dos nossos planos, das promessas, das ilusões e do riso fácil e
espontâneo que ambos exibíamos. Lembrei-me dos momentos de perfeição, aqueles
que eram só nossos. Lembrei-me da viagem a Lisboa em Fevereiro de 1979 onde nos
perdemos e achámos um no outro.
Nesta viagem feita ao passado, deixei-me
“ir” sem pensar nos males do presente.
E… ao som do bater da minha respiração,
interiorizei a perfeição da nossa relação e a forma como nos completamos um ao
outro.
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