Agora
que estou aposentado e com mais disponibilidade de tempo para partilhar com os
meus filhos é quando eles, seguindo o seu percurso natural de vida, “abandonaram”
o lar paterno para construírem o seu próprio ninho.
Em
consequência, sobra-me o tempo para fazer balanços e reflexões sobre tudo e
mais alguma coisa, nomeadamente o meu papel de pai.
Não
tenho como saber se aquilo que eles são hoje é o resultado do nosso bom
desempenho enquanto pais, se são o que são exclusivamente pelo seu trabalho e
esforço ou pelo conjunto de todos esses factores conjugados com a informação
genética contida no seu ADN. Mas isto também é o menos importante.
Um
dos aspectos que mais me tocam particularmente é a minha necessidade permanente
de os proteger. Mesmo agora que já são adultos, saudáveis, competentes,
trabalhadores e autónomos dou comigo a pensar que tenho de continuar a
protege-los, mesmo sabendo que é impossível proteger alguém para sempre,
sobretudo quando esse alguém não quer ser protegido.
Esta
pulsão é independente da minha vontade pois bem sei (em teoria) que a
dependência tem sempre custos e que podem ser demasiado elevados para ambos os
lados:
-
Para quem protege, quando a responsabilidade pesa... na sua própria
incapacidade.
-
Para quem é protegido, porque deixa por vezes de ter capacidade de definir
livremente o seu próprio caminho e principalmente de ter oportunidade de
aprender com os tombos naturais que se vão dando no processo de aprendizagem a
caminhar sozinho.
Por
tudo isso tenho de lutar comigo próprio para os deixar ir e estar livremente.
Tenho consciência disso mas… não consigo deixar de continuar a ser cuidadoso
com eles, procurando gerar-lhes a confiança necessária para serem sempre e em
qualquer circunstância eles próprios, felizes e... autónomos.
É
assim nesta relação diária e permanente entre pais e filhos que devia ser
sempre. Um envolvimento permanente mas distanciado e não intrusivo.
Se
não o conseguirmos fazer é porque também não temos a capacidade de nos
protegermos de nós próprios e de não nos aceitarmos sem a presença deles. E,
sobretudo, sem a necessidade de nos sentirmos necessários a quem já não
necessita de nós. É complicado, não é?
O
processo natural é (ou seria), portanto, aceitarmos que eles (os nossos filhos)
vão aprendendo a proteger-se por si. Quer queiramos quer não a nossa protecção
vai desaparecendo à medida que eles crescem, de modo que a nossa única opção é
aceitar e ir tentando ensiná-los (na idade e nos momentos próprios) a
protegerem-se e transmitir-lhes a ideia de que os erros fazem parte de nós, fazem-nos
até mais humanos e ajudam-nos a crescer. Que devem ter sempre esperança num
futuro melhor, e – sobretudo - de que o amor é a principal razão pela qual nos
devemos manter bem vivos e atentos.
Apetecia-me, também, escrever muito sobre este tema, mas como tenho a certeza que te ia repetir e a repetição não teria a firmeza, nem o polimento e muito menos a lapidação qualitativa que tu dás aos originais, vou optar pelo mais cómodo e pelo mais simples. Subscrevo e assino por baixo tudo o que referiste e que passa por todos os possuidores de VALORES.
ResponderEliminar1grande abraço de solidariedade, na vossa felicidade e muita amizade.
MAFreire
Não sejas modesto. Em tudo o que escreves acrescentas sempre algo mais. Quer em qualidade quer nas ideias originais que...as tens e boas. Agora que te revejas neste texto não fico nada admirado. Somos da mesma região, com a mesma cultura e a mesma profissão. Também tens 2 filhos (um casal tal como nós) que são o espelho dos pais: honestos, inteligentes, com VALORES e que, ainda por cima, já vos deram 3 netos. Nós ainda estamos a ZERO :-) Aqui estás a ganhar!!! Como vês as afinidades e semelhanças são "mais que muitas". Para além disso somos amigos. Um grande abraço
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