Vou aqui
deixar uma piada em português do Brasil, visto que foi escrita pelo brasileiro Luís Carlos
Veríssimo, escritor e cronista, filho de Erico Veríssimo.
"Pegaram
o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a
delegacia.
D – Delegado
L – Ladrão
D -
Que vida mansa, hein, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem
precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
L - Não era
para mim não. Era para vender.
D -
Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio
estabelecido. Sem-vergonha!
L - Mas eu
vendia mais caro.
D -
Mais caro?
L - Espalhei
o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E
que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos
marrons.
D -
Mas eram as mesmas galinhas, safado.
L - Os ovos
das minhas eu pintava.
D -
Que grande pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do delegado...)
D - Ainda
bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...
L - Já me pegou.
Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as
galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de
galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um
ovigopólio..
D - E
o que você faz com o lucro do seu negócio?
L - Especulo
com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados.
Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos
para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
Aqui o
delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava
confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
D - Doutor,
não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
L -
Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho
depositado ilegalmente no exterior.
D - E,
com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
L - Às vezes.
Sabe como é.
D -
Não sei não, Excelência. Me explique.
L - É que,
em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco,
entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da
iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e
isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma
experiência nova.
D - O
que é isso, Excelência? O senhor não vai ser preso não.
L - Mas fui
pegado em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
D - Sim. Mas
primário, e com esses antecedentes... e respectivas equivalências....Prof. Doutor...Preso ???...Nem pensar!"
Nota: Podemos constatar que a justiça no Brasil é mais parecida com a justiça de Portugal do que a própria língua!
Nota: Podemos constatar que a justiça no Brasil é mais parecida com a justiça de Portugal do que a própria língua!
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