Hoje, 15-11-2014, neste dia de outono em que o vento e a
chuva me deixam algo nostálgico apetece-me transmitir-vos, embora com algum
atraso, tudo aquilo que pensei (e escrevi) no meu último dia de trabalho - dia
3 de Julho de 2013.
Hoje, ao fim de trinta e seis anos de trabalho
profissional, quebrou-se para sempre a rotina de me levantar, tomar banho, barbear,
vestir e olhar-me uma última vez no espelho para ver se não faltava nada e
apresentar-me ao serviço na EB 2/3 de Valadares.
Em vez disso, após os cuidados de higiene habituais, vesti uma
camisola de manga curta e uns calções, calcei umas sapatilhas e fui até ao
passadiço para um saudável e oxigenante passeio desportivo. Regressei a casa e depois do
refrescante banho comecei a reflectir sobre esta mudança drástica mas há muito desejada.
Em jeito de despedida, que não o é, ocorrem-me apenas duas
palavras: agradecimento e remissão.
Agradecimento a todos aqueles que me acompanharam naquele longo percurso. Fico
eternamente grato a todos aqueles que comigo percorreram esta longa caminhada,
mesmo que alguns o tenham feito apenas por breves momentos (anos lectivos).
Sobretudo pela camaradagem, pela entreajuda, pela paciência com que suportaram
algumas das minhas impertinências, pela força de ânimo que me foram dando em
momentos de desânimo. Grato também a todas as escolas por onde passei e
trabalhei, por todas as realizações pessoais e profissionais que me permitiram
atingir.
Remissão pelas minhas falhas e pelas omissões cometidas. Por
não ter sido capaz de ter ido mais além quando era preciso, por qualquer
coisinha, não sei o quê mas há sempre qualquer coisinha...
Os bons momentos, guardá-los-ei para sempre.
Os "coices", que também os levei, não os esqueço
mas "deixei-os" para trás e em cada uma das escolas por onde passei.
Hoje, despojei-me do prazer e (às vezes) do fardo de ser
professor mas mantenho a “farda” para continuar a pugnar pelo prestígio da profissão
de professor, pela honra e bom nome daqueles que continuam no activo e abnegadamente
servem os alunos, mesmo sacrificando a própria família em muitas situações.
Agora vou descansar…
“Palavras para quê?” É um professor de “outro” sistema a falar. De outro sistema onde os professores (transmissores do saber e do conhecimento) ERAM TAMBÉM EDUCADORES. Eu sei, por que o senti, que tu eras também um desses. Um dos que para ti, estavam primeiro os alunos e sua formação integral, para , mais tarde serem úteis, de forma global, à sociedade e à família em particular. Hoje , o sistema visa apenas e só o desperdício do essencial e a valorização do MATERIAL. Damos força aos nossos colegas (no activo) para que resistam e vençam a educação para a cidadania .
ResponderEliminar1 abraço
MAFreire
Subscrevo o teu comentário que vem, de facto, enriquecer as ideias que pretendi transmitir no post. Obrigado. Um abraço
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