O Borges versus Cinda
Chegamos a
Ponte de Lima à hora prevista e fomos logo diretos ao destino, o restaurante
Borges, a caminho do Tesido, perto da Borracheta e Subquintão.
O menu do
almoço foi aprovado por unanimidade e sem necessidade de consultar a carta.
Aliás, já não foi preciso escolher. Vou só repescar o que consta da ata do ano
passado: “broa, azeitonas, chouriço
assado, arroz de sarrabulho e leite-creme queimado. Apenas nas bebidas o Jorge
destoou, pedindo água em vez do saboroso verde tinto da casa”. “No final de tão copiosa refeição a escolha
acabou sendo aprovada por aclamação e o preço não deixou ninguém de tanga – 14
euros por cabeça”. Transcrição sic da ata do ano passado.
Só se mudou o
cenário da Cinda para o Borges, pois quanto ao resto não se mudou uma simples
vírgula. Quando muito uns cêntimos, como a cópia da conta bem demonstra.
Apenas se
registam 3 notas complementares: a expressão de satisfação do Mota “maravilha. Isto está uma delícia”,
orgulhoso por ter influenciado a escolha; o chouriço assado foi devorado até
aos fios que atam as pontas e até se chupou o sumo da travessa (não, não veio a
frigideira para a mesa); o tinto escorregou tão bem que acabou por vir uma
média de uma garrafa por cabeça, se considerarmos que o condutor não podia
beber (mas deu uma ajudinha) e o Jorge fez jus à fama de abstémio (um palavrão
bonito e que lhe está corretamente aplicado).
Comandante Militar de Urrós
A conversa à
mesa versou os temas do costume, com a crise em lugar de destaque e com alguns
ausentes bem presentes: o inesquecível Carlos, o ainda não presente Álvaro e o
recém afastado Vaz Nunes. Vieram à baila histórias e peripécias, não faltando
os colegas de tropa, desde o Otelo ao Comandante Militar de Urrós.
Assuntos
ligados à área da saúde começam também a ser tema recorrente, com uns bitaites
que os leigos costumam mandar em função das mazelas que vão acumulando e que
lhes vão dando um notável acervo de conhecimentos na área da medicina. Até
permitem diagnosticar que o médico X deve ser gay, mas isso não impede que se “goste dele”. Gostos não se discutem, mas percebe-se a
ideia.
A jovem que adivinha as nossas intenções
Terminado o
repasto fomos, como manda a tradição, tomar café ao centro da vila, à praça
principal, esplêndida esplanada sobre o Lima.
Estacionado o
carro no vasto parque junto ao rio (que fazem ali tantos carros? Haverá tantos
reformados a passear por Ponte de Lima?), posamos para a fotografia da praxe,
com a inevitável limitação de o fotógrafo não poder ficar no retrato. Vendo o
nosso embaraço e adivinhando as nossas intenções, uma amável jovem
prontificou-se, com grande entusiasmo, diga-se, a carregar no botão. Devia ser
uma jovem, pois apesar de aparentar ter mais uns anitos que nós ainda usava na
boca um aparelho corretor dos dentes.
Olha se fosse
uma jovem/jovem e que adivinhasse com a mesma precisão os nossos desejos e se
prontificasse de forma tão generosa a colaborar connosco! Ia ser bonito, ia.
Como enriquecem os políticos em Portugal
Como manda a
tradição, procedemos à troca de prendas, ato simbólico e momento de animação
com fotos a recordar o momento.
Quem reparasse
no nosso ar relaxado e visse uma das prendas - o livro “Como enriquecem os políticos em
Portugal” - julgaria porventura que seriamos um grupo de políticos da
oposição que estavam de passagem por Ponte de Lima, daqueles que pregam uma
coisa e fazem outra, gostando de saborear os prazeres da vida, apesar de
passarem o tempo a dizer mal dos governos.
Local de passagem
obrigatória em Ponte de Lima é um pitoresco estabelecimento de petiscos – O Cardápio da Márcia. Destacamos hoje “estouros explosivos a sair do redondo”.
Daí abalamos
para a sessão de compras, antes do regresso a casa. Ao contrário do que elas
(as nossas mulheres) possam pensar, estiveram sempre presentes no nosso
pensamento. Ai de nós se nos esquecêssemos! Havia que lhes levar uma lembrança
para as compensar de um dia sem os nossos “carinhos”.
Houve quem optasse por levar uns bolinhos, para lhes adoçar a boca. Outros
optaram por as presentear com uma vistosa “estrela
de natal”. Cai sempre bem oferecer flores a uma mulher.
Só espero que
cada um tenha feito a escolha acertada. Seria dececionante ouvir um comentário
do género “andaste a trazer bolos e nem
te lembraste que eu ando a fazer dieta e não quero engordar. Ainda se fosse uma
flor… “ou ao invés, aquelas que receberam flores dizerem “chegaste atrasado, que eu já tenho a
decoração do natal completa. Ainda se fossem uns docinhos…”.
“Não trouxe doces porque sei que andas a
fazer dieta” ripostamos nós.
“Pois, mas é só por uma vez e também faz bem
prevaricar de vez em quando”.
É difícil
gerir estas sensibilidades.