Pois
bem... a garota que mais o havia entusiasmado foi provavelmente a única de
todas as pessoas daquela sala que não se sentou ao seu lado!
Na
verdade nem sequer olhou para Zeferino durante todo esse tempo, o que o
deixou, de certa forma, muito intrigado e algo angustiado. Como tinha que ir
embora sentia que o tempo para a conhecer estava a passar e era limitado, como
se de uma ampulheta se tratasse.
Quando
a Lille finalmente chegou ele acabou por perceber que elas eram uma espécie de
melhores amigas. Só nesse momento é que teve a oportunidade de a conhecer pois
foi-lhe formalmente apresentada. Chamava-se Luísa e… era portuguesa!
A Lille bem tentou dizer-lhe, quando referiu a sua simpatia especial por portugueses, que tinha uma grande amiga portuguesa mas ele, despassarado como era, nem
sequer a tinha ouvido com a devida atenção.
Nesse
momento e de forma desinibida, porque entretanto já tinha bebido algumas
cervejas, teve a oportunidade de lhe dizer que tinha estado a noite inteira à
espera que ela viesse sentar-se na cadeira ao lado da sua para a poder cumprimentar e para lhe
dizer que estava verdadeiramente encantado com o seu charme e com as boas
sensações que ela lhe transmitia... mesmo de longe.
Luísa, embora agradecendo simpaticamente os elogios, não gostou muito do rumo da conversa pois afastou-se de imediato o que deixou Zeferino desiludido, com um pequeno aperto no estômago e a pensar: - Agora é que está o "caldo entornado"... estraguei tudo, porra!
Quando eram cinco da manhã pegou na mochila para se ir embora e começou a despedir-se dos poucos que ainda estavam presentes. A Luísa era uma delas e mostrou-se algo atónita. Ele explicou-lhe que estava na hora de seguir viagem e não queria perder a boleia prometida.
Luísa, embora agradecendo simpaticamente os elogios, não gostou muito do rumo da conversa pois afastou-se de imediato o que deixou Zeferino desiludido, com um pequeno aperto no estômago e a pensar: - Agora é que está o "caldo entornado"... estraguei tudo, porra!
Quando eram cinco da manhã pegou na mochila para se ir embora e começou a despedir-se dos poucos que ainda estavam presentes. A Luísa era uma delas e mostrou-se algo atónita. Ele explicou-lhe que estava na hora de seguir viagem e não queria perder a boleia prometida.
Ela,
de forma verdadeiramente surpreendente para ele, ofereceu-se para o acompanhar até à
esquina da rua Léopold-Thézard.
E foi assim que teve, muito provavelmente, umas das melhores horas
da sua ainda curta vida.
Nessa
hora de vida tudo aconteceu de improviso e em turbilhão…
Antes
de saírem Zeferino abraçou e beijou Lille, demonstrando-lhe toda a sua gratidão.
Ela, com um enorme sorriso e um brilho matreiro nos olhos, respondeu-lhe que
tinha sido um prazer e que se tratasse bem de Luísa no tempo que lhe restava da
noite, então poderia considerar todas as contas saldadas. Ao dizer-lhe isso passou para a
mão de Luísa um pequeno objecto (que ele não conseguiu identificar) dando
simultaneamente um pequeno empurrou aos dois num sentido que não era
propriamente a porta da rua.
Foi
então conduzido para a garagem da moradia que ficava na cave. Aqui chegados, Luísa
pegou no tal objecto dado por Lille e que era, nem mais nem menos, a chave da
porta de acesso a um pequeno anexo para onde entraram. No interior deste havia
um sofá verdadeiramente confortável onde se instalaram e se conheceram melhor…
muito melhor!
No
fim, Zeferino olhou agradecido para ela e recitou-lhe:
“Senti-te
aqui junto ao coração
e ajudaste-me a extinguir a solidão!
Mataste
as saudades de outra pele também macia
que
me aqueceu num comboio e num belo dia… ”
Luísa sorriu com cara de quem não tinha percebido a verdadeira intenção desta mensagem. Ficou na dúvida se “aquilo” era um elogio, um lamento nostálgico ou um agradecimento.
Saíram e ela
teve a gentileza de o levar, sempre de mão dada, ao local da boleia.
Ao
despedirem-se projectaram voltar a encontrar-se, trocaram contactos e vários
beijos.
Nunca mais se viram...
(continua...)
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