Ando a tentar manter-me calmo, mas há alturas em que aquilo
que é dito me agride de tal forma que acordo; a bicada é tão forte que desperto do meu sono letárgico.
Será que quem abre a boca e deixa sair coisas
não repara que algumas delas têm cheiro infestante, podre, pestilento e que
isso incomoda as mentes e os narizes mais insensíveis, mesmo daqueles que, por
força das circunstâncias, já usam máscara?
Primeiro ouvimos o Sr. António Borges, conselheiro do primeiro-ministro
para as privatizações, dizer com a arrogância de quem aufere um salário mensal de 225 000.00 euros: “Diminuir salários não é
uma política é uma urgência”.
Vem agora a Sra. Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, com um “discurso caridoso” alertar para o «efeito perverso» do Estado Social, reafirmando e reproduzindo ainda a cassete de
alguns dos governantes quando dizem que os
portugueses “vivem muito acima das
possibilidades”; que “vamos ter de
empobrecer muito” e que “vamos ter de
viver mais pobres”.
Depois de ouvir tudo isto, para além da conversa fiada dos políticos mentirosos que nos governam, tenho necessariamente de me revoltar e dizer basta! Que autoridade moral tem esta gente para falar assim?
Então as pessoas pobres e mesmo aquelas que pertenciam à classe média estão mal por culpa própria, por má gestão de recursos,
por viverem acima das suas possibilidades?
Está tudo doido ou quê???
Está tudo doido ou quê???
Razão tem o criminalista Barra da Costa quando diz: “Portugal é hoje um paraíso criminal onde
alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar, recebendo por isso
dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar aos
iluminados que bolsam certas leis”.
Também o que disse Bertolt Brecht há mais de 70 anos tem agora a sua relevância: "Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram."
Também o que disse Bertolt Brecht há mais de 70 anos tem agora a sua relevância: "Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram."
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