Nota introdutória:
Hoje reproduzo aqui uma velha estória que
me foi narrada no início da década de 70 pelo meu primo Alexandre, filho do meu Tio/Avô Marcelino, que
veio, ainda na sua juventude, viver e trabalhar para a cidade do Porto.
Ele contou-me que havia uma Farmácia - a Farmácia Estácio - que
ficava mesmo ao lado do
Teatro Sá da Bandeira, no Porto, e que era famosa, naquela época, sobretudo por ter uma balança que falava e que, rapidamente, se tornou um ex-libris da baixa portuense, chegando mesmo a formar-se filas de pessoas à sua porta.
Teatro Sá da Bandeira, no Porto, e que era famosa, naquela época, sobretudo por ter uma balança que falava e que, rapidamente, se tornou um ex-libris da baixa portuense, chegando mesmo a formar-se filas de pessoas à sua porta.
Dizia-me ele com todo o entusiasmo: “Ainda me recordo da primeira vez em que me fui lá pesar! Foi um momento fantástico… depois de esperar a minha vez na fila, subi para a sua base redonda, o ponteiro movimentou-se
no mostrador apontando para o meu peso e, ao mesmo tempo, uma voz metálica saiu
da balança, informando: Vossa Excelência
pesa 64 quilos e 700 gramas"!...
E continuou: “Tu
imaginas lá!!!… naquela altura... deixa cá ver... decorria o Mundial em que o Eusébio marcou 4 dos cinco golos à Coreia, pois... foi em 1966 e, naturalmente, ainda não estávamos habituados a estas novas tecnologias e muito pouca gente sabia explicar este fenómeno! Pessoalmente, só percebi a “coisa”
mais tarde quando o Porfírio, que fazia a manutenção da balança falante, me
explicou o seu funcionamento. A balança, colocada na entrada da farmácia, nunca
mudava de lugar. Nem podia!... Estava presa ao chão por parafusos. E na cave,
precisamente por baixo da balança, havia um balcão de madeira sobre o qual se encontrava outro
mostrador ligado por um veio ao tecto... precisamente à base (ou prato) da balança que estava na
loja! Esse balcão era o local de trabalho da Srª Hermínia, a funcionária que empacotava comprimidos e rotulava xaropes, enquanto esperava que
um cliente se fosse pesar. Quando tal sucedia, o mostrador da cave apontava o
mesmo peso que o cliente comprovava visualmente, ao mesmo tempo que acendia uma lâmpada
vermelha, chamando a atenção da funcionária. Esta, tinha um microfone e um
botão para o ligar ao mesmo tempo que dizia o peso que via no mostrador que
tinha à sua frente, e que o cliente ouvia na saída do som por detrás do painel
do ponteiro!
O meu primo concluiu, deixando-me um pequeno aviso: “Quando fores lá experimentar e se a balança
te parecer avariada... se, por exemplo, te mostrar o peso, mas não falar, não
te preocupes. Isso acontece normalmente quando a funcionária da cave foi fazer
as suas necessidades fisiológicas... fazer xixi… ou... eh eh eh eh!!!”
Nota final:
Em 1975, um incêndio de grandes proporções na Rua Sá
da Bandeira, atingiu a Farmácia Estácio e destruiu grande parte do seu
interior, incluindo a célebre balança.
É só para confirmar, pois nessa data eu vivia em Cedofeita, frequentava a Soares do Reis (escola) e o meu café dário e não nocturno, (também do Manuel João, do Coutinho, do Albertino Portel etc etc.) era o Palladium (quina de Passos Manuel com Sta Catarina).
ResponderEliminarLá, víamos as victórias da nossa selecção e os festejos a seguir, eram na Praça e Avenida dos Aliados (pertinho) era só atravessar D. João I.
1 grande abraço amigo
MAFreire
Como é bom recordar... assim dessa forma tão saudável! Um abraço amigo
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