Dias e dias de chuva ininterrupta e eu aqui encurralado
entre as quatro paredes do escritório. Há semanas e semanas que é assim. Vou
matando o meu tempo entre leituras, pesquisa de notícias on line, xadrez no Yahoo
games, un coup d'yeux pelas redes
sociais e alimentando o meu blogue neste ambiente propício a grandes reflexões e a
pequenas introspecções. Digo pequenas porque as sinapses dos poucos neurónios que me
restam já são feitas com pouca actividade e a pequenas
rotações.
No entanto, desde que me aposentei em Julho do ano passado,
estou mais dado a estes momentos de auto-análise e com a necessidade de procurar
incessantemente por um objectivo que abrande este isolamento que me oprime de
mansinho e que dê um sentido para o resto da minha vida. Não há nada pior do que
sentir-me desnecessário, descartável ou um inútil.
Agora, só saio de casa para ir ao supermercado ou para
comprar jornais e acabo por passar sempre pelos mesmos sítios, ver as mesmas
pessoas, um olá e pouco mais e instintivamente regresso à minha toca, onde
ninguém me enfada nem aborrece com palavras de circunstância ou com conversas
banais. Felizmente, e para amenizar um pouco tudo isto, tenho um grupo de
amigos com quem tomo café às quartas-feiras e vou, de vez em quando, dando umas
passeatas gastronómicas por todo o Norte e Centro de Portugal.
Voltando ao tempo. Este tempo de chuva e vento. Já é demais!
Não vejo o dia em que possa regressar às minhas corridinhas no passadiço à
beira-mar, ou dar umas voltas de bicicleta, sem pressa, a apreciar a paisagem,
os sons e os aromas da natureza, parar num local mais elevado e ficar em êxtase
com o olhar perdido no infinito ou na linha que separa o mar do céu, enquanto as
gaivotas esvoaçam à minha volta.
Tenho saudades de chegar ao fim do dia cansado mas feliz e
com a cabeça limpa de tanta bagunça que aqui se acumula nestes dias de
pasmaceira.
Assim, não há outro remédio que não seja aguentar e aguardar melhores
dias, mesmo com as negras perspectivas de ver a magra pensão ainda mais
esbulhada por essa cambada de biltres que outra coisa não faz senão ir ao bolso
daqueles que, como eu, não têm fuga possível.
Lindo, só falta.......... a verdura, o vento, o cheiro e o ar puro TRANSMONTANO. Infelizmente, tenho a certeza, que a bicicleta (para os dias de sol) não é uma "pasteleira" igual a uma outra que eu tive o privilégio de receber em Sta comba há uns anitos atrás (sem perinha nem "descapotável"). 1 abraço.
ResponderEliminarMAFreire
É verdade que faz falta esse ar puro de Trás-os-Montes mas também gosto muito do mar e de tudo o que o rodeia, como aliás tenho deixado aqui bem expresso. A bicicleta é também uma "pasteleira" (não sou um profissional) mas um pouco mais leve e moderna.
ResponderEliminarOs tempos é que são, de facto, outros :-( É o relógio! Este maldito relógio sempre a comandar o tempo... e a fazer andar os minutos, as horas, os dias, os anos e... as décadas. E afastar-nos daí e do tempo em subíamos essas escadas de granito até à varanda de tua casa, onde bem refastelados degustávamos essas iguarias que a Céu nos punha na mesa. Tudo isto enquanto o relógio (lá está!) da Igreja de Sta Comba nos ia indicando as horas. Entretanto, tu só abrias as garrafas e gozavas connosco e com a nossa "aventura"... Belos tempos! Um abraço nostálgico
Muito bonito, sentido e (ainda por cima)...sincero. Com o " o relógio (lá está!) da Igreja " fizeste, e justo, uma também homenagem aquele grande PORTISTA, Pôncio Monteiro (ninguém como ele pronunciava tão bem essa...expressão).
EliminarNota- O som "diabólico" do relógio a imitar, duma forma "foleira" o sino, já desapareceu (GRAÇAS A DEUS) à muito.
É pena que os efeitos diabólicos :-) (área capilar reduzida e malhada de branco, as rugas e uns neurónios a menos) que o tempo nos trás (a mim sobretudo), não desapareçam também...
EliminarO Pôncio Monteiro APESAR de ser portista também tinha as suas virtudes eh eh eh ... era transmontano e muito brincalhão, por exemplo. Um abraço