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domingo, 21 de outubro de 2012

Uma Aventura - Os Cinco na Galiza (IV)

O Toni de Pontevedra
Iniciamos o percurso inverso, até Pontevedra, que se viria a revelar um dos pontos altos da jornada.
Pontevedra é uma cidade lindíssima, com moldura humana e movimento quanto baste. Logo à entrada deparamos com a imponente Deputation Municipal e com as ruinas do que terá sido um belo templo da alta idade média: a capela de S. Domingos. Toda a cidade é um conjunto arquitetónico equilibradíssimo, com monumentos seculares rodeados por edifícios do século XX, que não só não destoam como fazem um perfeito enquadramento e permitem à cidade ter uma vida própria, inserida no mundo atual. O equilíbrio é, assim, a nota dominante: equilíbrio entre o antigo e o moderno, entre a tradição e a modernidade. Nada de caos urbanístico, nada de pessoas a acotovelarem-se, mas também nada de ruas desertas, pelo contrário. Deve ser uma cidade muito agradável para viver, ainda por cima podendo contar com estabelecimentos de restauração de muito bom nível.
 É bem verdade que onde quer que vamos “há sempre um Toni que espera por si” e que o ajuda nas suas necessidades (literalmente).
Façamos um preâmbulo: lembro-me que quando era jovem ouvia os “oficiais” trolhas dizerem para os moços:
            - Que dia é hoje, rapaz?
            - São tantos de tal.
            - Então aponta aí que eu vou c . . ar.
Desta vez foi o Bernardino. Colhendo a lição do Alexandre (na altura da viagem ao Nordeste – a quem não leu, recomenda-se a leitura dessa memorável crónica), manteve-se caladinho e contido, sem qualquer sinal ou alarme. Mas ao passar no Club del Café, discretamente entrou, para regressar minutos depois, todo sorridente e aliviado. Seriam cerca das 16 horas. Para a posteridade fica o registo do dia, hora e local. Para o registo ficar completo só faltou mesmo ter-se pesado antes e depois.
Na visita pelas ruas mais centrais e convidativas da cidade acabamos por desembocar numa ampla e movimentada praça, pejada de pombos, inquestionáveis reis do local (estão-se literalmente cagando para tudo) e uma incontornável atração turística.
Logo no primeiro banquinho, dos vários que havia no local, um elemento do grupo refastelou-se, meio sonolento, a apreciar os pombos e a mirar os transeuntes pelo canto dos olhos semicerrados. Quem seria? Leia-se a crónica anterior e a partir daí será fácil adivinhar. O que ninguém esperava é que uma espanhola entradota (uma rapariga mais ou menos da nossa idade) se fosse sentar no mesmo banco, a uma prudente mas convidativa distância, pouco superior a 20 cms. Sorria, mas permanecia calada, em total sintonia com o nosso colega. Foi então que outro elemento do grupo (quem quiser que se ponha a adivinhar, que eu não sou de intrigas nem revelo este tipo de segredos), mais expedito, resolveu saudá-la e iniciar a chamada conversa de chacha. Só que a espanhola deu trela, tendo por isso direito a cerimonioso cumprimento, à despedida. Ainda pensei que ia haver beija-mão, mas não se chegou a tanto. Não vale a pena fazer conjeturas, pois o caso morreu por ali e, honestamente, não era merecedor de mais. Puro e simples cavalheirismo e curiosidade natural de um turista que, amavelmente, gosta de interagir com os autóctones. Mas ao cronista cumpre-lhe registar tudo com rigor e isenção.
(continua...)

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