segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Os mirones!!!

Uma considerável percentagem de portugueses tem a sua costela de mirone. Ou "espreita", se preferirem.
Observar o casalinho a namorar, a vizinha do prédio em frente (que não fecha as cortinas), o corpo ensanguentado na berma da estrada (aguardando o INEM) ou simplesmente esse enorme buraco de fechadura em formato de ecrã de televisão, com o respectivo e inesgotável menu de temas deprimentes:
Vítimas de acidentes ou atentados (na falta do corpo, uma grande mancha de sangue já satisfaz), quedas de aviões, mulheres espancadas, velhinhos abandonados, crianças abusadas, bebés abocanhados por cães, doentes terminais, aleijões, deficientes mentais, Fátimas, Júlias e Gouchas, tudo isto é um regalo para a vista.
Ultimamente, uma pessoa vê-se e deseja-se para assistir a um bloco noticioso, reportagem ou talk-show onde não surja uma imagem sinistra ou alguém a descrever o seu drama, pessoal ou próximo.
Ele é a deformidade, a doença rara, a obesidade mórbida, o cancro, o erro médico, a psoríase,  a tragédia, o drama, o horror...
E o público a babar-se com o espectáculo.
Tremendo gozo este, de ver a desgraça alheia, sentadinho no sofá e a mastigar guloseimas.

Aonde é que isto nos leva?

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