terça-feira, 26 de junho de 2012

São João do Porto

Este ano resolvi abandonar as sardinhas que tradicionalmente são grelhadas (e comidas) no quintal da casa de família, na Madalena –Vila Nova de Gaia e, em vez de aí passar a noite de São João como tem sido usual nos últimos anos fui, juntamente com alguns familiares próximos, "curtir" para a festa no Porto.
Como sabemos a noite de 23 de Junho  é uma das mais alegres do ano da cidade, em que as ruas se enchem de pessoas, de cor, de alegria e de tradição. 
Foi nesta expectativa que saímos de casa por volta das 19 horas. Deixámos o carro num parque de estacionamento perto do Colégio Bonança, em Vila Nova de Gaia, descemos a Avenida da República, passámos ao lado do Jardim do Morro e atravessámos o tabuleiro superior da linda Ponte de D Luís, onde parámos para tirarmos fotografias e apreciarmos uma das mais belas vistas e paisagens do Mundo.  Não é por acaso que o centro histórico do Porto (da qual a Ribeira faz parte) foi declarado, Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1996.
De facto, o casario de cores garridas da zona da Ribeira, o próprio rio Douro com os reflexos de luz do fim do dia, o cais de Gaia com os seus jardins, restaurantes e Caves de vinho do Porto, os barcos Rabelos de cores variadas, os barcos turísticos carregados de turistas, a Ponte da Arrábida a poente e a Ponte do Infante a nascente, constituem um conjunto extraordinário de diversidade harmoniosa e de rara beleza. Um espectacular regalo para a vista! 
Depois da Ponte, subimos a Avenida Vímara Peres, passámos na Rua Saraiva de Carvalho, entrámos na Rua General Sousa Dias e quando demos conta estávamos no Passeio das Fontaínhas que é um dos locais onde se comemora o São João do Porto com mais sentimento e tradição.
Ao entrarmos na zona das Fontaínhas começamos a entranhar o verdadeiramente espírito de São João. Ouvem-se os gritos estridentes das vendedeiras das plantas tradicionais de manjerico, cravos, erva-cidreira, "alho-porro" que se dão a cheirar a quem vai passando e os martelos de plástico que são usados para distribuir pancadas amigáveis na cabeça dos transeuntes. Aqui vende-se de tudo. Desde roupa a calçado, de discos a CD(s), a rádios e gravadores. Há tômbolas que sorteiam a mais variedade panóplia de objectos, grandes ou pequenos, bonitos ou ... utilitários. Há garagens de reparação de automóveis que se transformam em restaurantes improvisados, há grelhadores nos passeios permanentemente acesos e a grelhar sardinhas, febras de porco e bifanas que são servidas no pão. Há pequenos fogareiros com panelas enormes onde cozinham o caldo verde. 
Depois de comermos uma bifana no pão acompanhada por um fino fresquinho, deixámos as Fontaínhas e, para fazermos a ligação dessa parte mais alta da cidade à zona ribeirinha, descemos as escadas dos Guindais. Fomos vendo as fogueiras de S. João que são ateadas, mesmo nas ruas mais estreitas, por grupos de vizinhos e amigos que se juntam para comerem, beberem e dançarem em alegre confraternização. Cheirava muito bem à medida que por aí passávamos e toda a gente sorria para nós e nos oferecia qualquer coisa para petiscarmos.
Fomos desembocar na Avenida Gustavo Eiffel, junto ao tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís, onde a animação era idêntica e dirigimo-nos ao Cais da Ribeira com o intuito de aí jantarmos. Procurámos arranjar um restaurante mas eram tantas as pessoas e a confusão de tal ordem que fomos andando, andando, procurando e procurando, à medida que íamos levando umas marteladas acompanhadas com sorrisos rasgados. 
E depois ... o cheiro! Aquele cheiro tão característico das sardinhas e dos pimentos assados entrava pelas narinas ía direito ao cérebro e este dizia ao estômago: então não dizes nada? Este reclamava, revoltava-se e nós continuávamos à procura de um restaurante para o podermos acalmar. Fomos procurando, saindo do Cais da Ribeira, subindo pela Mouzinho da Silveira, passando por São Bento e entrando em Sá da Bandeira. Finalmente! Foi mesmo aqui no restaurante A Brasileira que fomos comer. Não havia sardinhas. Mas havia francesinhas e foi o que todos comemos com muito prazer até porque também é um prato tradicional da cidade.
De regresso ao Cais da Ribeira e ao descermos a Mouzinho da Silveira vimos os tradicionais balões de S. João, feitos de papel e coloridos, que são cuidadosamente lançados para o céu, proporcionando um espetáculo ímpar de centenas de pontos de luz ascendente.
À meia-noite há o fogo de artifício ou fogo de São João, no rio. Foi para aí que nos dirigimos, procurando um local mais ou menos estratégico, ali mesmo junto à entrada da Ponte e no início do Largo da Ribeira para, tal como milhares de espectadores assistirmos a um dos maiores espectáculos do ano, repleto de luz, cor e emoção.
E pronto. Fico-me por aqui até porque a noite já ía longa e o texto já está enorme :-)

Para o ano há mais!

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