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sábado, 5 de abril de 2014

Desabafo num dia de chuva...

Hoje, dia 4 de Abril de 2014, choveu! De manhã, à tarde e à noite!
Qual a novidade? Tem sido assim o Inverno todo! E este início de Primavera também! Então, por que razão estou eu aqui a protestar, outra vez, contra a chuva? É uma boa pergunta à qual, por agora, não sei responder. Mas… que me apetece promover um movimento BASTA contra a chuva, tal como o presidente do Sporting fez contra os árbitros de futebol, lá isso apetece.
Enquanto assim penso, e me interrogo desta forma rabugenta, estou encostado à porta do escritório que dá acesso à varanda de onde vejo lá baixo na rua e no Largo de Eiróz os carros a passar com os limpa para-brisas a funcionar incessantemente a as pessoas a caminhar também elas apressadas debaixo dos guarda-chuvas e, provavelmente, regressando a casa depois de mais um dia de trabalho. Em certos locais da rua o asfalto torna-se mais irregular e formam-se pequenas poças de água que brilham com a luz artificial dos candeeiros.
Aqui permaneço, neste meu refúgio (ou porto de abrigo) que é o escritório cá de casa e que me serve também de farol luminoso para o exterior. Gosto de ver o movimento dos carros e das pessoas que se encaminham para os seus destinos certos. De ver também os reclames luminosos e coloridos de algumas casas comerciais; as luzes ainda acesas e a brilhar que anunciam a Cerâmica de Valadares, embora já falida e extinta; as gaivotas que se refugiam do mar bravo esvoaçando e pousando nos candeeiros mesmo em frente à varanda; a Lua em certas noites e as nuvens a fugir empurradas pelo vento.  
Quando era rapaz e vivia lá longe em Vila Flor também gostava de me refugiar na varanda da casa dos meus pais e, de forma similar, apreciar o movimento das pessoas na Rua e no Largo da Fonte. Nesse tempo, as pessoas que passavam, isoladas normalmente, pareciam-me indolentes, tristes e mal sorriam. As que passavam acompanhadas normalmente faziam-no em silêncio ou a discutir entre si. Eram pessoas que iam e vinham frequentemente dos campos dos arredores da Vila. Agricultores que levavam os animais, cavalos ou burros, carregados com cestos ou canastras devidamente colocadas nas albardas.
Hoje, recordo-me dessas pessoas que se deslocavam na rua da casa da minha juventude e que iam normalmente acabrunhados naquela rotina que me parecia trágica. As imagens vão desfilando e há inúmeras delas que sempre me acompanharam. As vozes e os rostos é que já se perderam, e tenho pena.
Por que “carga d´água” me lembrei delas?

Regressando ao presente. A Amélia aproxima-se e, vendo-me assim meditativo, encosta-se a mim e diz: - "Não te atormentes tanto. As coisas mudam e nem sempre isto será assim. Para a semana já vem o Sol."
Pois! A verdade é que me sinto realmente muito aborrecido. Com o tempo, com o São Pedro e com a Primavera que nunca mais chega. Com os nossos governantes e, sobretudo, com o seu discurso já gasto. De facto, as palavras destes políticos, agora, de tão debochadas e gastas, já nem sequer agitam nem estimulam a minha indignação. Porém, tenho de continuar a fazê-lo, quanto mais não seja através de palavras. Palavras que digo e que escrevo. Tenho de continuar a trabalhá-las, a proferi-las e a escrevê-las com firmeza e ânimo. Por muito que me custe sinto que tenho de o fazer pois acho que essa é uma das minhas obrigações cívicas.
Há muitos anos um dos meus filhos perguntou-me: "Ó pai, escrever custa muito?" E eu: -não dói nada, mas… custa, custa muito… mas, no fim, vale a pena quando conseguimos exprimir o nosso pensamento com as palavras certas. Agora certamente acrescentaria: não as palavras destes políticos “jotinhas” aldrabões, que as não respeitam e que as despejam com futilidade, ignorância e menosprezo.

Mas... hoje já não me apetece (mais) escrever sobre estes políticos manguelas que nunca fizeram nada de jeito na vida a não ser enganar, manipular e mentir. Eles enojam-me. Por isso viro-me para dentro de mim e para o interior do escritório. Olho para as estantes carregadas de livros, para uma ou outra fotografia e para as medalhas e taças que fui conquistando nos diferentes torneios de Xadrez em que participei e que ajudaram a marcar a minha vida e o meu destino. Reavivam-me também algumas memórias dos meus amigos mais antigos e companheiros de brincadeiras, de jogos, de causas e de lutas. Tantos que já foram. O que demonstra que estou a ficar velho. Sento-me na cadeira da secretária e escrevo. Penso… 

2 comentários:

  1. Mesmo que não houvesse mais nada (e há) no teu “desabafo” contra tudo que não corre à tua feição, só pela forma sentida e apaixonada como te referes ao também posicionamento na varanda( provavelmente de madeira com a grade do mesmo material) da periferia do Fonte Romana, vales quanto pesas.
    1 abraço
    MAFreire

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    1. Obrigado pelo reforço positivo transmitido pelas tuas palavras. Chegou cá e bateu. A grade da varanda da casa dos meus pais já era, nessa época, de ferro pintado de verde :-)
      Um abraço

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