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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Conto: Neto de um emigrante em Paris! (XIII)

Parecia ser o dia dos contrários para ele. Fumava detestando fumar, não amava adorando amar.
Levantou-se, percorreu umas centenas de metros e voltou a sentar-se num banco de madeira, agora já bem dentro do Jardim das Tulherias, situado mesmo na margem direita do Rio Sena, de onde via passar os famosos barcos de recreio "bateaux mouches" carregados de alegres turistas. E por aí se ficou pensativo... a desfrutar do ambiente mágico que o rodeava.
É neste lento contar do tempo que uma mulher já madura se aproximou dele e lhe pediu lume. A primeira coisa em que ele reparou é que ela era bonita, ou melhor, que lhe apeteceu achá-la bonita. Tinha os cabelos pretos, talvez pintados, e os olhos de um castanho claro contrastante. Depois de acender o cigarro dela no dele ela não se foi embora, mas antes decidiu sentar-se no mesmo banco a contemplar a diversão dos outros. 
Os gritos dos miúdos a brincar e dos adolescentes a deslizarem nos seus skates, mesmo à frente deles.
Ali, juntamente com o silêncio de ambos, desfilavam famílias de pais e mães que tentavam divertir-se divertindo os filhos. Ele sabia que um dia faria exactamente o mesmo, onde, quando e com quem não sabia mas de certeza que seria com quem lhe desse os filhos que ele sonhava ter.
Como seria bom disputar com essa futura e sonhada mãe o colo dos filhos, como via naquele momento dois pais fazerem desde que o filho decidiu chorar!
Mas, aí nesse lugar e nesse instante, olhando para aquela mulher sentada mesmo ao seu lado, a fumar um cigarro cuja chama nasceu no mesmo fogo, apetecia-lhe amá-la. 
Estava um dia soalheiro de Primavera e o final de tarde aproximava-se, o sol descia lentamente e sentia-se uma brisa suave que resfrescava ligeiramente o ambiente. Sentiu-se tranquilo, em paz, ao mesmo tempo que apreciava a beleza ímpar que a natureza lhe oferecia naquele momento. 
Zeferino, assim inspirado por este bem estar interior momentâneo virou-se para a mulher silenciosa e comentou: "está-se bem aqui, não está!?"
-"Sim! Gosto de ficar assim aqui uns momentos, quieta e a relaxar, depois de sair do meu trabalho e antes de regressar a casa"
E continuaram a conversar disto e daquilo o resto da tarde e já quando anoitecia ela confidenciou-lhe que morava sozinha num pequeno estúdio numa rua próxima do Trocadero. Interpretando-a mal Zeferino acompanhou-a até lá. Subiram a escada escura, até à porta do apartamento. Depois beijaram-se. E ele, fez menção de entrar. Ela, porém, disse que ele, embora sendo um rapaz gentil, simpático e bonito, era ainda menor de idade e ela tinha o dobro da sua idade. Pelo que suave e delicadamente colocou-lhe uma mão no peito, impedindo-lhe a passagem e... sorrindo amigavelmente, deu-lhe mais um carinhoso beijo ao mesmo tempo que fechava a porta devagarinho.

Zeferino, aturdido e na dúvida se devia ter insistido um pouco mais, ficou ali, parado, sozinho e em silêncio mas pensando: "que pena não ter já 21 anos!". Descansou o olhar no infinito puxou de mais um cigarro, por nervosismo ou para se sentir mais adulto, acendeu-o mesmo ali e desceu as escadas dando início ao regresso a casa e ... lembrou-se de Emeralda...

 (continua...)

4 comentários:

  1. Este Zeferino é mesmo um tótó do caraças!Já não bastava ser dos benfas e agora queria bife duma mulher madura...Faz-te homem Zef:! Deixas-te fugir a outra novinha do comboio...Aplica-te...

    Um abraço e viva o POOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORTO,carago...

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    1. Este Unknown (!) deve estar a lembrar-se do SISTEMA da "fruta de dormir", montado aqui pelo "PAPA". Se é quem eu penso, ele sabe de todo o esquema montado ali para os lados da Madalena, (vizinho portanto, ehehe) em que também se serviam "chocolatinhos com café" ao mesmo tempo que se entregavam os envelopes com os "quinhentinhos"!!!
      Um abraço desportivo para ti J.M.

      :-)

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  2. Ricardo Silva Tavares22 de janeiro de 2013 às 12:51

    Olá amigo Fonseca
    Daqui do Canadá envio-lhe um abraço de parabéns pelo seu conto e também gostei da resposta que deu ao comentário do leitor do POOOOrto. Bem vejo que é tudo na brincadeira mas - carago - foi bem respondido.
    Continue a escrever, por favor.
    R. Esteves

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  3. Obrigado amigo
    Mais importante que a rivalidade desportiva é a amizade e o companheirismo que nos une... por isso estas "bocas" só contam para nos divertirmos mais um pouco.
    Quando vier a Macedo pode ser que nos possamos conhecer pessoalmente. Eu apresento-lhe estes amigos "tripeiros" :-)
    Tudo de bom para si.
    Um abraço

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