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domingo, 13 de janeiro de 2013

Conto: Neto de um emigrante em Paris! (XI)

Durante a tarde desse mesmo dia, enquanto se deslocavam no metro de Paris, o avô falava-lhe de si, do seu passado e das suas recordações: "Sabes Zeferino, se extrairmos a tragédia que foi a morte do nosso filho primogénito a tua avó, eu e tua mãe vivemos aqui muito felizes até à altura em que Paris foi invadida pelas tropas Alemãs no terrível ano de 1940, depois, claro, tivemos de fugir para Portugal onde a tua avó adoeceu e faleceu uns anos mais tarde. Entretanto a tua mãe casou-se, foi viver para Vila Flor levando-te a ti e às tuas irmãs e eu regressei logo que pude e... aqui estou até hoje... e é por aqui que quero ficar pois gosto muito de viver em Paris, que é sem dúvida uma cidade muito especial..."
E foi assim falando e recordando o passado até que se aproximaram do local emblemático a visitar e o principal símbolo de Paris: a Torre Eiffel.  
E, qual guia turístico o avô ía-lhe fornecendo informações: "Esta obra foi iniciada em 10 de Julho de 1887 e teve sua conclusão em  31 de Março de 1889. Foi construída com o objectivo de se escolher um grande símbolo para homenagear os 100 anos da revolução francesa e no âmbito da Exposição Mundial que nesse ano decorreu em Paris. Foi Gustave Eiffel o engenheiro responsável pelo projeto e construção, derrotando cerca de outros 700 projetos no concurso organizado pelo governo francês. A torre tem 318 metros de altura, pesa sete mil toneladas, tem 1652 degraus da base ao topo, e foi montada tal como um gigantesco quebra cabeças em três dimensões, com quase vinte mil peças e dois milhões e meio de rebites, todos em aço. Apesar do imenso peso próprio, a distribuição de esforços e cargas na estrutura é tão equilibrada e bem distribuída que até hoje o projecto do engenheiro Eiffel ainda causa admiração". 

Como a torre tem três andares, que são também plataformas de observação, e diversos elevadores tiveram, para chegar ao último andar, de trocar de elevador no segundo pavimento.
E foi, de facto, um momento inesquecível subir nos elevadores e ir até ao último andar. A vista daí é linda e Zeferino não perdeu a oportunidade de eternizar esse momento, que para ele foi histórico, tirando muitas fotografias a seu avô enquadrado nessa linda paisagem
Enquanto apreciavam a melhor vista de Paris e quando a noite começava já a cair desfrutaram um momento lindo e verdadeiramente extraordinário que foi verem as luzes de toda a cidade a acender, por arrondissement, até ficar toda iluminada.

Um espectáculo grandioso ao mesmo tempo que num dos bares deste último piso o avô bebia um café acompanhado de um bom conhaque francês  (sim... ele bebia muito, às vezes demais!) e Zeferino degustava um cachorro com mostarda muito (mas mesmo muitíssimo) picante que fez com que ficasse com lágrimas nos olhos e o avô "perdido" de riso porque ele já sabia e... tinha feito de propósito.

Depois deste cómico incidente o avô mais sério e com emoção, quebrando todo aquele encantamento, virou-se para o neto e disse: "Conta sempre comigo Zeferino! Sabes que a vida nem sempre é como gostaríamos que fossse... é como um mar, tanto pode estar agitada como calma, com ondas fortes que parecem querer devorar-nos ou como um lago de calmaria que se assemelha a um lar materno onde nos podemos refugiar... a vida tanto nos puxa para a frente como nos empurra para trás... tanto nos dá esperança como nos entrega ao desespero... 
Por isso já sabes... se e quando precisares estarei sempre aqui para ti, para o que der e vier!".

Zeferino com a voz embargada apenas conseguiu dizer
- Obrigado a!


 (continua...)

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