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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Retiro (III)

Daqui do meu canto continuo a observar:

- Juros da dívida sobem em Portugal ...;
- Sentimento económico em Portugal degrada-se ...;
- O FMI quis que Portugal pedisse o resgate financeiro 10 meses antes de o então primeiro-ministro, José Sócrates, o ter feito...;
 - Estradas de Sócrates dão prejuízos de 5,7 mil milhões…;
- O Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade da suspensão do pagamento dos subsídios de férias ou de Natal…;
- Em menos de um ano, há mais 45% de portugueses que procuram emprego fora do país. Engenheiros, informáticos, cozinheiros e empregados de mesa, etc., etc. ...;
- Concessões assinadas pelo anterior Governo representam 54% do total do buraco das PPP...;
- ... buscas em casas de ex-governantes socialistas no inquérito às Parcerias Público Privadas (PPP) …;

E eu pergunto: ninguém é julgado??? Ninguém é condenado???

Perante isto (e muito mais) cada vez entendo menos a passividade do povo português e cada vez entendo melhor Fernando Pessoa! 

Reparem na pertinência das suas palavras e ... cito-o na íntegra: 

"A Doença da Disciplina.
Das feições de alma que caracterizam o povo português, a mais irritante é, sem dúvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelência. Levamos a disciplina social àquele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja — e eu não creio que a disciplina seja boa — por força que há-de ser prejudicial.
Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército de que uma nação de gente com existências individuais. Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporária, pratica a traição à Pátria de ter um gesto, um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa, porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua crítica.
Parecemo-nos muito com os alemães. Como eles, agimos sempre em grupo, e cada um do grupo porque os outros agem.
Por isso aqui, como na Alemanha, nunca é possível determinar responsabilidades; elas são sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco...........".

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