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sábado, 18 de agosto de 2012

Pare, Escute e Olhe e, já agora, "Veja" o nosso SNE.!

"Se puderes olhar vê, se puderes ver repara", escreveu José Saramago, no Livro “Ensaio sobre a cegueira”, que (ainda) não acabei de ler. 
Esta afirmação suscitou-me um leque de sentimentos que por vezes estão um pouco esquecidos e fez-me recordar aquela expressão que se lê nas placas que costumam colocar nas passagens de nível sem guarda dos Caminhos de ferro: Pare, Escute e Olhe
Sou da opinião que devemos aplicar este Pare, Escute e Olhe todos os dias da nossa vida e em relação a tudo o que nos rodeia. Mas, imbuídos nos nossos problemas quotidianos, quantas vezes paramos, escutamos e vemos, mas ... não reparamos?
Ultimamente tenho tido mais tempo e oportunidades para fazer um pouco de tudo isso.
E ... lá está!... Reparei, por exemplo, naquilo a que eu passarei a chamar o nosso SNE (sistema nacional de educação)!
- Mas isso não existe!! Ó Fonseca do Pinhal, estás parvo? Estarão neste momento a pensar alguns dos que me estão a ler.
Pois … formalmente não, não existe! Responderia eu. Na realidade o que existe é um Ministério da Educação que tem vindo a funcionar - ao longo de décadas - como se fosse um sistema de favores aos investidores privados na educação deste país, acrescentaria ainda. 

Vejam as editoras que publicam todos os anos os mesmos manuais escolares, às centenas de milhares, com os mesmos conteúdos coloridos e cheios de bonecada, mas com capas diferentes. Deste modo, vendem sempre o mesmo produto e aumentam exponencialmente os seus lucros. É um escândalo que os pais sejam obrigados a gastar todos os anos uma fortuna na compra desses livros escolares que depois quase não são utlizados pelos filhos. 
 O "nosso SNE." ao permitir que esta situação se perpectue não promove a educação, parecendo preferir salvaguardar o negócio de editores e livreiros. 

Reparem nas Universidades privadas (fábricas de trocar dinheiro por diplomas) que oferecem milhares de cursos que nunca tiveram, nem virão a ter, qualquer utilidade para quem as frequenta. É impressionante ver tanta licenciatura sem saídas profissionais. Faz-me impressão ver alunos a saírem de Universidades com cursos que dificilmente lhes darão oportunidades reais de afirmação ou progresso profissional. 

E nós? Não dizemos nem fazemos nada? Razão tinha Miguel Torga (desculpem a repetição) quando disse: “Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.”

Infelizmente, o que se passa de errado na Educação não é só com o negócio "da china" das editoras e seus manuais escolares, nem com o Ensino Superior. 
O grande problema é que muitos alunos chegam lá sem saberem nada de História, de Geografia de Portugal e/ou a escreverem sem h. Infelizmente também  há professores que escrevem no Livro de Ponto e no sumário da sua disciplina: "Desenho vista", como - de facto - já tive a oportunidade de ver. Esta é a realidade.
Como também é um facto (e um escândalo) aquilo que ultimamente tem sido badalado na comunicação social com os variados cursos superiores obtidos por equivalência, funcionando, na prática, como que o prolongamento das Novas Oportunidades. Ou, se recuarmos um pouco, podemos recordar o modo como o nosso antigo Primeiro Ministro obteve a sua licenciatura, também numa universidade privada, sem nunca lá por os pés, com um só professor a fazer (por fax) a avaliação a quatro disciplinas e ... num Domingo!

Por isso eu pergunto: tudo isto não demonstra que existe o (um) sistema nacional de educação? 
E porque razão ninguém do Governo diz (nem faz) nada de concreto para acabar com tudo isto? De facto, desde o encerramento compulsivo da Universidade onde Sócrates tirou a sua licenciatura que ninguém fez mais nada.
E eu que acreditei tanto (sou muito ingénuo) no actual ministro da educação!

Notas finais: 
1ª - Dias da Cunha, um antigo presidente do Sporting Clube de Portugal, denunciou, há uns anos, o sistema que existia no futebol português. Coitado! A partir daí foi de tal modo apertado que teve de abandonar o seu lugar. 
Será com receio que lhe aconteça o mesmo que o ministro da educação se mantém caladinho?
2ª - Este post pretende ser mais um dos meus gritos de revolta contra esta "escumalha" que nos tem governado. Mais do que votar, denunciar quem se aproveita dos cargos políticos para se governar é para mim um dever cívico. 
E, tal como alguém disse, "nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos."

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